sábado, 26 de abril de 2008

SEXTA-FEIRA MACABRA

Esta sexta-feira (25 de abril de 2008) foi muito triste para nós, ambientalistas. Talvez poucas pessoas tenham percebido as más notícias deste dia, em função de estarem mais atentas à "novela" televisiva da morte da menina Isabela Nardoni (notícia não menos triste, nem menos importante, porém explorada à exaustão por nossa imprensa).

Ao acordar, deparei-me, no jornal O Estado de São paulo, com a seguinte notícia :"Senadores querem fim de operação antidesmate". Uma das poucas ações deste desgoverno federal (que nem sabemos se está sendo empreendida a contento), em resposta ao aumento brutal do desmatamento na Amazônia, mesmo nos meses em que costumeiramente a destruição costumava diminuir devido ao clima (alterado pelo tão conhecido aquecimento global), agora é alvo de tentativa de diminuição, senão anulação da mesma. Isso devido ao simples desejo de poder dos senadores, financiados pelos desmatadores, como pode-se constatar no trecho da reportagem : "Pressionados de um lado pelo lobby dos madeireiros, que movimentam a economia de várias cidades e financiam campanhas eleitorais, e de outro por prefeitos que se queixam do “desastre econômico” produzido pela Arco de Fogo, que paralisou o setor a seis meses da eleição municipal, os senadores cobram do governo federal a fatura dos prejuízos.
Para esses parlamentares, o “grande desmatador” não é o madeireiro que atua irregularmente na região, mas o governo federal, com seus programas de assentamento."

Concordo com o fato que os programas de assentamentos de sem-terra são grandes reponsáveis pela
destruição da Floresta Amazônica. Mas não podemos isentar os madeireiros, verdadeiros bandidos, que assaltam terras que não são suas, arrasando-as em nome de um lucro rápido e insustentável, que só deixa um rastro de miséra por onde passa. O que os senadores dizem à respeito do suposto "desastre" na economia local é uma grande inverdade. Esta economia é passageira, pois ao esgotarem os recursos naturais de determinadas cidades, os madeireiros mudam-se para novas "fronteiras", deixando aquelas cidades onde antes estavam estabelecidos na mais absoluta miséria. Já há várias cidades no Pará que em períodos de menos de 10 anos esgotaram suas florestas e hoje não possuem renda. E isso ocorreu aqui, no Paraná, décadas atrás, com o fim da exploração predatória das matas de araucárias em determinadas cidades do estado. Ou seja, a mentalidade do brasileiro é a de destruir, abandonar e seguir em frente, destruindo as próximas florestas. Mas a seguirem este ritmo, haverá um tempo em que não haverão mais florestas. A cultura da abundância é suicida!

Bem, voltando às notícias "macabras" desta sexta-feira, ao abrir a internet, estava na página principal do site UOL a seguinte manchete: "
Desmatar é remédio para crise da comida, diz governador de MT". Achei isso o cúmulo da "cara de pau", por parte do governador do Mato Grosso, o sr. Blairo Maggi, já conhecido como o maior produtor de soja e também maior desmatador do Brasil. Em tempos que o próprio aquecimento global é causa notória da diminuição de áreas agrícolas, devido simplesmente ao desmatamento e à poluição (no Brasil causada principalmente pela queima das florestas), este infeliz vem dizer que é necessário desmatar ainda mais!!! Ou seja, vem corroborar este modelo predador, mencionado acima, de destruir a terra, abandoná-la e sair em busca de mais florestas a serem destruídas! Mas este ciclo é finito, e estamos chegando ao limite dele. Será que os agricultores do Mato Grosso terão que passar por secas de seus rios (que é um conseqüência natural do desflorestamento) para se tocarem do quão importante são as florestas para suas lavouras??? Se possuem terras férteis e bons regimes de chuva por lá, isso se deve
unicamente à presença da Floresta Amazônica, o que significa que sem ela não terão nenhuma das benesses atuais! É um festival de imbecilidade. Como sempre, vivemos no país das imbecilidades! E não sei onde iremos parar com (des)governantes com estes pensamentos!
O mais incompreensível é que, quando mais precisamos de ações para frear, definitivamente, o desmatamento, pois este chegou a um limite insustentável, os defensores desta política antiquada continuam a postos. Será que não percebem que em pleno mês de abril estamos com temperaturas próximas dos 30º no Sul do País, quando há pouco tempo atrás já tínhamos geadas nesta época? Isso é NORMAL??
Quanto à "crise alimentar", há um grande fator especulativo nela, principalmente por parte dos países mais ricos. O mundo tem alimentos de sobra para sua população, ele só é mal distribuído. E se países como a China não conseguem produzir o suficiente, basta ver o modelo de desenvolvimento a todos custo que eles adotaram : quase todas as reservas de água chinesas estão poluídas e paisagens naturais (florestas, etc.) nem pensar mais na Ásia. Agora vêm destruir tudo o que resta aqui. Será que é isso que queremos?? Nossos políticos podem até querer isso, mas não é o que nossa população precisa, definitivamente. O problema é que esta população, comprada por estes mesmos políticos, não se toca de nossos problemas ambientais. Só querem desenvolvimento a todo custo. Até quando suportaremos isto??

domingo, 20 de abril de 2008

DESMATAMENTO E EPIDEMIAS : TUDO A VER

É sabido por todos que quando o meio-ambiente está em equilíbrio, com a biodiversidade mantida, todos os seres ali no local convivem em harmonia, alimentando-se uns dos outros e, com isso, controlando-se mutuamente. Tem algo a ver com a Teoria de Gaia, na qual todo o planeta é um ser vivo que se auto-equilibra. Mas existe uma espécime, no caso a humana, capaz de mexer profundamente com este equilíbrio. A voracidade do ser humando já tornou-se uma das forças destruidoras da natureza.
Isso faz com que, ao eliminar amplas áreas florestais, como está ocorrendo cada vez mais rápido na Amazônia, ocorra a proliferação de determinados organismos (em grande parte perigosos), devido à morte de seus predadores naturais.
Desde as primeiras incursões na Amazônia, a malária sempre aterrorizou as populações humanas. Acontece que, sem os pássaros ou aranhas que se alimentavam dos mosquitos, suas populações crescem em demasia.
O aumento, a cada ano que passa, da epidemia de dengue no Brasil com toda certeza deve-se a este desequilíbrio. E sabemos que as epidemias não pararão por aí. Basta ver o exemplo da África, onde os desmatamentos também são imensos e vírus como o Ebola e o Marburg (ainda sem cura) proliferam-se sem controle.

Caros amigos,
Para continuar a ler este e outros textos, gostaria que vocês conhecessem este livro.
Ele possui todos os TEXTOS deste blog REVISADOS E AMPLIADOS , bem como TEXTOS INÉDITOS também!
O livro "REFLEXÕES ECOLÓGICAS EM UM MUNDO INSUSTENTÁVEL" vocês podem adquirir clicando na imagem acima, no site CLUBE DE LEITORES.

Os leitores que quiserem guardar este conteúdo em sua biblioteca ou mesmo dá-lo de presente a amigos, eu ficarei bastante honrado!

A luta do BLOG TREES FOREVER por um mundo mais sustentável e por governos mais sérios e atuantes na área ambiental vocês já conhecem. Esta luta é de todos nós e eu agradeço muito por estes quase dois anos de convivência aqui neste ambiente virtual!

Se possível, por favor ajudem-nos a divulgar este livro, enviando o site abaixo a seus amigos, conhecidos, colegas de trabalho, familiares, etc.:

http://clubedeautores.com.br/book/9850--REFLEXOES_ECOLOGICAS

Um forte abraço a todos e muito obrigado!!

Gabriel Bertran

sábado, 19 de abril de 2008

IDÉIAS 3 : MULTA PARA QUEM NÃO PLANTA ÁRVORE NA CALÇADA,EM LONDRINA

Boa tarde, amigos! Estive um pouco "sumido" por quase um mês, com muitos afazeres particulares, mas estamos de volta aí para comentar diversas notícias que têm nos chamado atenção.
Dentre elas destaco desta abaixo, que embora pequena é de grande relevância : a prefeitura da cidade de Londrina, no interior do Paraná, resolveu "fechar o cerco" àqueles moradores que não preservam as árvores em frente aos seus imóveis. Achei a iniciativa fantástica, pois é muito comum no Brasil as pessoas retirarem as árvores de frente de suas casas e, quando não as possuem, nem se preocupam em plantar novos exemplares. Existe um grande desprezo por estes seres vivos que tanto melhoram a qualidade de vida em nossas cidades. As árvores, de espécimes brasileiros, quando adequadamente plantadas nas calçadas, melhoram (e muito) o clima, absorvendo calor, protegem as cidades dos ventos, abrigam pássaros, fertilizam a terra, purificam o ar, controlam a incidência de chuvas, etc. Mas infelizmente a maior parte dos brasileiros não enxerga estes benefícios. Preferem o concreto, o calor, a aridez... enfim, vamos ler a notícia e depois voltamos com mais comentários:

"GAZETA DO POVO
Sexta-feira, 28/03/2008
PARANÁ | LONDRINA publicado na edição impressa de 28/03/2008

Calçada sem árvore dá multa
por FOLHAPRESS


Londrina – A Secretaria Municipal do Ambiente de Londrina decidiu multar em até R$ 1,4 mil os donos de imóveis no município que não cumprirem determinação do plano diretor da cidade, de que cada imóvel deve ter pelo menos uma árvore na calçada. A fiscalização, que começou pelo centro da cidade, gerou 250 notificações a comerciantes e 38 autuações contra os que não cumpriram a norma. “Nosso interesse não é multar, mas sim que a multa tenha efeito pedagógico’’, disse o secretário Gerson da Silva. Pelo plano diretor, todo imóvel deve ter uma árvore a cada 12 metros de calçada. Segundo Silva, as notificações começaram no fim do ano passado e, apesar de o Código de Postura de Londrina dar prazo de 15 dias para o plantio das árvores, o município tem sido tolerante."

Parabéns à municipalidade de Londrina pela iniciativa! Seria ótimo se outros municípios pelo Brasil afora tomassem iniciativas como esta. Londrina já possui um planejamento inicialmente feito por ingleses, dentro do conceito urbanístico de "cidade jardim". O mesmo conceito foi adotado em alguns bairros de São Paulo, como Jardim América, Jardim Europa, etc. Não é à toa que são regiões valorizadíssimas na capital paulista, devido à sua qualidade de vida. E esta qualidade é trazida pelas... árvores! Elas que permeiam toda a paisagem, como ocorre na maioria das cidades americanas também. Façamos uma ressalva, sobre o fato dos Estados Unidos serem o país que mais polui a atmosfera, realmente. Mas em termos de planejamento de seus subúrbios residenciais, eles estão de parabéns. As árvores simplesmente estão lá, por entre as casas, e lá ficarão, pois a vida é muito melhor entre elas! A impressão que temos nestes bairros é de estarmos no campo, em lugares bastante bucólicos, silenciosos, quando muitas vezes estamos em meio a grandes metrópoles.
Voltando ao Brasil, infelizmente bairros (ou cidades) com este conceito por aqui são exceção. E não deveriam ser privilégio de apenas alguns bairros de classe média e classe alta. Todas as classes sociais deveriam ter direito ao seu porcentual de verde. Mas pela simples falta de cultura, de educação, as pessoas nem mesmo pensam em exigir das autoridades esta qualidade ambiental urbana, pois ela não é percebida pela maior parte da população. Pode-se dar a desculpa de que ainda existem muitas prioridades de que a população brasileira ainda é carente, como hospitais, escolas, redes de esgoto, transportes de boa qualidade, etc. Não podemos negar a falta destes e de muitos outros recursos. Mas vale lembrar que, sem os recursos naturais, nada seríamos e nada seremos. Não há futuro possível sem a preservação e recuperação do meio-ambiente. Portanto todas as ações devem andar juntas. Basta ver o exemplo de São Paulo, onde as maiores incidências de tempestades e inundações no verão são nos bairros com menor área verde por habitante, como os da Zona Leste, por exemplo. A alta concentração de moradias intensamente construídas uma ao lado da outra gerou grandes áreas totalmente impermeabilizadas, facilitando a formação de "bolhas de calor", que geram uma precipitação muito mais violenta das chuvas, castigando estas mesmas áreas com a inundação, porque simplesmente este imenso volume de água não tem para onde escoar! Se houvesse um planejamento prévio de ocupação destas áreas (entremeadas por cursos d´água que foram soterrados ou desviados), com certeza a tragédia não seria tão grande como é. Esta ocupação populacional desordenada e visando apenas o construído hoje torna-se um problema difícil de resolver para as grandes cidades.
O brasileiro ainda parece ter um distanciamento muito grande da natureza. É um característica humana, é claro, que durante séculos desenvolvemos, esta de não nos considerarmos como parte da natureza. Criamos um mundo artificial que nos trouxe muitas vantagens, é claro, mas também muitos equívocos que precisam ser revistos. Esta idéia de que o espaço construído é "bom" e o espaço natural não presta e deve ser destruído é um dos maiores equívocos. É possível (e obrigatório) que ambos convivam em harmonia. Com isso cria-se a "biocidade", em que cada rua forma um corredor verde que a protege, conectando parques e outras áreas verdes que entremeiam os imóveis. Esta seria a cidade ideal, em que se está dentro da urbe, com todos os seus confortos, mas parecendo-se estar em um espaço natural, que pode ser apreciado por todos os lados. Por quê não?
É isso que a lição de Londrina tenta nos passar. Que podemos e devemos conviver bem com as árvores, pois elas melhorarão nossas vidas, trarão mais paz, menos stress.
Infelizmente ainda estamos longe deste ideal.. mas fica a idéia!