sábado, 12 de setembro de 2009

Voltam as enchentes:efeitos do aquecimento?

Na semana que se passou nós vivenciamos, novamente, um surto de tempestades com intensidade acima do normal (contendo inclusive tornados) nas regiões sul e sudeste do Brasil; desta vez com um fator inédito: elas não são nada comuns para esta época do ano (início de Setembro, teoricamente ainda inverno, perído anteriormente caracterizado por temperaturas mais amenas, não propensas a formar tormentas tropicais). E novamente o Estado com maior número de vítimas da destruição foi Santa Catarina, gerando cenas dramáticas semelhantes às que vimos em Novembro do ano passado, conforme inclusive comentamos aqui neste blog (http://treesforever.blogspot.com/2008/11/santa-catarinatragdia-anunciada.html). Não é necessário acrescentar o drama de centenas de famílias que perderam suas casas, seus pertences, suas fazendas e até seus filhos, em alguns casos. Todos nos solidarizamos com essas pessoas, vítimas visíveis das mudanças climáticas.

Neste ano a principal região atingida foi o Oeste de Santa Catarina, que teve a cidade de Guaraciaba praticamente inteira devastada. Estudos comprovam que houve mesmo um tornado, provindo do Norte da Argentina. As regiões Oeste e Sul do Paraná também foram atingidas.

Não podemos deixar de notar que estas regiões outrora eram ocupadas pela exuberante floresta ombrófila mista, mais conhecida como floresta de araucárias, a qual pertence ao bioma da mata-atlântica. E foi justamente nestas áreas que, durante a maior parte do século XX, deu-se intensa exploração de madeira destes pinheiros, muitos deles centenários e até milenares, atividade na qual baseou-se a economia do Paraná e de Santa Catarina por muitas décadas. Esta exploração sem limites levou praticamente à extinção do Pinheiro-do-Paraná ou Pinheiro-Brasileiro. Uma verdadeira tragédia ambiental que muito poucas pessoas notam. Apenas querem ressaltar a alta produtividade das propriedades rurais da região. Esquecem-se que há poucos meses, neste ano de 2009, esta mesma região Oeste sofria com uma seca intensa, fazendo a produção rural se perder quase por completo. E agora chegaram estas tempestades fora do comum. Vivemos mesmo a era dos extremos, em matéria climática principalmente.

Em entrevista no dia 09/09/09 ao Paraná TV, o professor de ecologia Maurício Savi, da PUCPR, explicou que o aquecimento global tende a piorar cada vez mais. A falta de florestas aumenta a intensidade do vento. As regiões com maior índice de danos materiais são justamente as áreas com maior histórico de desmates nas últimas décadas (as já citadas região oeste e sul do PR e oeste de SC). Na entrevista o professor mencionou o geógrafo alemão Reinhard Maack, um dos maiores estudiosos do relevo e da natureza no interior do Paraná, o qual já havia afirmado, em 1954 que, se o Paraná continuar com o desmatamento intenso das florestas de araucárias, em breve haverá excesso de chuvas de granizo e ventos acima de 50 Km/h na região. O geógrafo e naturalista não fez tal afirmação à tôa, baseado em "previsões astrais", nem nada do gênero. Com toda certeza baseou-se em dados científicos de suas pesquisas e de sua intensa bagagem de estudos em universidades européias e também em expedições à África, semelhantes às que realizou aqui no Paraná. E não precisamos mencionar mais uma vez o que acontece agora, para concluirmos que ele estava certo.


Quem quiser assistir ao vídeo com a entrevista no Paraná TV, disponibilizo o link aqui:
http://portal.rpc.com.br/tv/paranaense/video.phtml?Video_ID=&seq=57978,57979,57980,57984,57989,58014,58017,58018,58022,58023&Progra_ID=5


SÃO PAULO
Não podemos deixar de registrar o que ocorreu, também, na cidade de São Paulo. Castigada pelas chuvas nos mesmos dias, São Paulo tem o agravante da ausência de planejamento urbano, excesso de lixo nos rios e ruas, além da impermeabilização do solo. E atualmente o governo de SP empreende uma obra que impermeabiliza, ainda mais, o principal rio que corta a capital, o Tietê, conforme comentamos aqui no blog também (http://treesforever.blogspot.com/2009/06/destruicao-na-marginal-do-tiete.html).

Com tudo isso voltamos a concluir que nossas ações de preservação ambiental continuam na contra-mão. Quando é que perceberemos que ações preventivas, como a preservação de matas nativas, fazem com que economizemos recursos em tragédias como estas? E justamente quando tudo acontece a olhos vistos, para quem quiser ver, ainda existem dirigentes querendo alterar o Código Florestal, como ocorreu recentemente em Santa Catarina e como o ministro da agricultura vive propagando, fazendo coro com alguns grupos de mídia e com os ruralistas... Como entender tudo isso? É uma política suicida! Onde vamos parar?

2 comentários:

Júnior disse...

Boa, Cyrus!!

O blog tá bem bacana!!

abs!!

Júnior Warne

Érica Sena disse...

Olá...

passe em meu blog, Pensar Eco, e retire seus 2 selos que estou oferecendo.
http://pensareco.blogspot.com/2009/09/os-selos-que-ganhei-e-para-quem.html
aH, vc ficou sabendo da Corrente verde que lancei para amanha?? vej no blog,
bj
ÉRICA SENA