segunda-feira, 23 de junho de 2014

Revoluções “de cima pra baixo”

Caros amigos do blog,
Estamos com diversas denúncias de cortes de árvores a fazer e com pouco tempo. Prometo em breve publicá-las aqui. 
Quero abrir agora um parênteses para refletir sobre a perigosa situação que nosso país vive. Segue um texto para reflexão e para deixar registrado aqui. 
Agradeço a todos, desde já, pela paciência na leitura e possível compartilhamento em suas redes sociais e emails.
Abraços,
Gabriel


Revoluções “de cima pra baixo”

    O povo brasileiro está há bastante tempo acostumado a “terceirizar” as grandes mudanças do país para pequenos grupos que estão no poder. Vejamos, resumidamente, alguns casos:

Após diversos movimentos contra a exploração de nosso território pelos portugueses durante o século XVIII, Dom Pedro I faz diversos acordos e promove uma “independência” de Portugal em 1822, mantendo diversos privilégios do país europeu sobre sua ex-colônia, inclusive com a permanência da família real de origem portuguesa no poder.

    Ao longo do século XIX diversas revoltas populares localizadas clamavam pela República. O Exército Brasileiro, insatisfeito com sua relação com o segundo reinado, resolve ele mesmo promover o “golpe da República” em 1889, supostamente cumprindo uma vontade popular, mas tomando para si os privilégios de comandar o País.

    Na chegada aos anos 1930, notando diversas insatisfações país afora com os governos da  chamada Primeira República, Getúlio Vargas reúne seu grupo de apoiadores e toma o governo à força, sob desculpa de ser um governo "popular" (populista, na realidade), para implantar, logo após, uma ditadura inspirada no fascismo italiano que duraria bastante e instituiria, inclusive, o embrião do DOPS e a dura repressão aos seus opositores, com ampla censura à imprensa, negando ao povo brasileiro o direito à informação.

    Em 1964, vendo a insatisfação de parte da população com o governo de João Goulart e o perigo da implantação do comunismo no Brasil, em plena Guerra Fria, novamente os militares se travestem de “defensores do povo” e tomam o poder, não o largando por mais de 20 anos e instituindo a tortura e o terrorismo de Estado como mecanismos oficiais de eliminação das oposições. As liberdades de imprensa e de manifestação são novamente eliminados no Brasil.

    No início dos anos 80, já desmoralizados, os militares resolvem, eles mesmos, fazerem uma “abertura política”, com ampla anistia, supostamente “em nome do povo”. Demorou, mas aos poucos os brasileiros reestabeleceram seus direitos políticos e sua liberdade de expressão, mesmo sob um governo praticamente "nomeado" pelos militares (cujo ex-presidente, José Sarney, até hoje manda no Brasil, indiretamente).

    Junho de 2013, após quase 30 anos da volta da democracia, a população brasileira saiu às ruas em massa, demonstrando clara insatisfação com a má administração dos atuais governos, com a corrupção e a baixa qualidade dos hospitais, dos transportes públicos, das escolas, etc. frente aos altos gastos com a Copa do Mundo de 2014. O governo petista, com alto viés autoritário oculto em seus quadros partidários, resolve colocar nas ruas suas milícias (os pseudo “movimentos sociais”, denominados Black Blocks, PCC, MST, MTST, CUT, etc.) para promover atos de violência, tomando para si as manifestações e assustando o povo, que parou de protestar de forma espontânea, como ocorria um ano atrás.


    Maio de 2014, às vésperas da contestada Copa do Mundo, com o povo já anestesiado pelo espetáculo do futebol, o governo petista institui, em silêncio, a Política Nacional de Participação Social – PNPS (Decreto nº 8243), a qual dará poder total aos tais “movimentos sociais (desde que sejam alinhados com o governo, é claro, diga-se de passagem). E mais golpes vêm por aí, com plebiscitos para mudar a constituição e excrescências do gênero.

 

    Novamente os brasileiros estão sendo vítimas de uma “revolução de cima pra baixo”, como tantas outras. As vítimas serão, como nas outras pseudo-revoluções, a verdade, a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão e de manifestação. Porque nós, cidadãos de bem, trabalhadores e bem informados, não fomos ouvidos e seremos calados. Como sempre aconteceu, apenas os “companheiros do poder” serão chamados a opinar e governar, recebendo altos privilégios em troca, como sempre receberam. Determinados setores serão privilegiados. Quem pertencer a eles sobreviverá. E os que se opuserem?... Verão a volta do DOPS?


  
Embora todos saibam que eu sempre fui um legítimo “anti-PT”, faço aqui um mea culpa: eles não "reinventaram a roda", ou seja, não inventaram este tipo de golpe. De fato apenas estão reeditando algo com que o povo brasileiro está acostumado desde seu descobrimento: a viver e conviver com a mentira. O brasileiro gosta de ser enganado e o está sendo novamente. Se não evitarmos isso, veremos a história se reeditar, talvez de uma forma pior do que antes.