domingo, 22 de setembro de 2013

E o símbolo de Curitiba vai desaparecendo...

Av. Pres. Kennedy, 1656 - foto do Google em 2011

Av. Pres. Kennedy, 1656 - foto do autor em 2013
Reparem nas duas fotos acima, pois elas falam por si mesmas. A primeira, obtida através do Google Street View, mostra duas três araucárias sadias, em uma esquina da Av. Presidente Kennedy, no bairro Água Verde, em Curitiba. A segunda, tirada neste ano, mostra as mesmas árvores totalmente secas. Poderia ser uma exceção, uma coincidência, mas não é. Este tipo de atitude tem acontecido por toda a cidade de Curitiba - cidade que possui a araucária estampada em seu brasão.

Com toda a certeza não é uma "doença" comum que vêm atingindo uma das árvores em maior perigo de extinção do Brasil. Esta doença chama-se "bicho-homem" e é notória a ignorância das pessoas em matar os últimos exemplares do único pinheiro brasileiro, o qual sustentou tantas gerações de paranaenses, catarinenses, gaúchos e paulistas com a venda de sua madeira, proveniente de desmatamentos indiscriminados que ameaçaram a belíssima conífera sul americana.

A prefeitura de Curitiba também tem se mostrado complacente com esta verdadeira tragédia que ocorre na cidade, pois não toma nenhuma providência - embora a araucária seja protegida por leis municipais e estaduais. Após a 'doença' atingir as árvores, as mesmas têm seus cortes criminosamente autorizados pelo Poder Público. E isso se repete em construções de prédios residenciais, concessionárias de veículos, etc.

É uma pena isso acontecer na antes denominada "capital ecológica". Nos anos 80 e 90 Curitiba ainda dava exemplos ao Brasil e ao mundo de como o desenvolvimento urbano podia conviver com as áreas verdes, com o meio ambiente preservado, enfim. Hoje os moradores da cidade atacam as árvores impunemente e a prefeitura corrobora tais ações inadmissíveis em tempos de mudanças climáticas tão graves. Será isso decorrente da falta de cultura do brasileiro em geral, da falta de educação que só aumenta entre a população? Falta educação ambiental, principalmente. Não sei explicar, porque não há razão para tanta destruição. É muito triste isso. Tirem suas próprias conclusões.

Aqui vão mais alguns endereços onde araucárias "sumiram" em Curitiba. Os nomes dos estabelecimentos não serão mencionados, para que o Google não pense que estou fazendo propaganda deles. Sugiro pesquisar na internet os locais para que vocês constatem os absurdos:

- Concessionária de veículos na Av. Presidente Kennedy, 3878 (Portão) -> três araucárias "sumiram" para dar lugar a espaço para exposição de um carro(!!) no jardim;
- Concessionária de veículos na Av. Mario Tourinho, 1212 (Campina de Siqueira) -> uma araucária na frente da loja primeiro "secou" (como a das fotos acima) e depois desapareceu, para dar lugar provavelmente a apenas um veículo;
- Concessionária de veículos na Rua Mateus Leme, 1875 (Centro Cívico) -> prefeitura autorizou a derrubada de várias araucárias centenárias para a construção da loja, alegando estarem "doentes"...
- Sede de importante órgão federal, na Rua Sandália Manzon, 210 no Bairro Santa Cândida -> diversas araucárias centenárias que ornavam o jardim do edifício "sumiram" - será que por tratar-se de órgão do governo eles também "podem tudo"? Ok, as concessionárias de veículos também podem, como notamos acima.
- Restaurante italiano na Avenida Silva Jardim, 2487 (Batel) - uma araucária localizada na parte de trás, no estacionamento do restaurante, está seca, denotando que isso foi feito propositalmente.
- Restaurante japonês na Rua Carneiro Lobo, 720, esquina com Av.Visconde de Guarapuava (Batel) - uma belíssima araucária no jardim do restaurante está secando aos poucos também. Ela era sadia antes da abertura deste estabelecimento.

Estes são os casos mais vistosos, mas existem centenas de outros, que relacionarei aqui para que vocês, leitores, acompanhem e denunciem também. Precisamos demonstrar que a população não é 100% conivente com essas práticas e que estamos notando os absurdos que acontecem nesta cidade, os quais não são muito diferentes dos que acontecem em outros lugares do Brasil. Com isso a "capital ecológica" vai, infelizmente, perdendo seu maior símbolo.

Para finalizar, coloco o brasão oficial de Curitiba e outro desenvolvido pelo movimento "Salvemos o Bosque da Casa Gomm" mais atualizado, de acordo com a realidade atual:

Brasão de Curitiba - oficial

Brasão de Curitiba adaptado à realidade atual das araucárias
Abaixo mais um capítulo deste verdadeiro massacre das araucárias, colaboração de nosso amigo Luiz Guilherme Todeschi. Aconteceu recentemente na Rua Francisco Screcim, 43, bairro Ahú, Curitiba, PR. Onde estas pessoas estão com a cabeça? Restam tão poucos exemplares...

Araucária cortada em residência na Rua Francisco Scremim, 43 - Ahú - Curitba, PR em 28/01/2014.
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