domingo, 1 de dezembro de 2013

Dia da Árvore macabro em Curitiba

   Era dia 21 de Setembro deste ano (sei que este blog está um pouco atrasado!), o Dia da Árvore e início da primavera quando, caminhando por uma das principais avenidas de Curitiba, a República Argentina (no bairro Água Verde), ali pelo número 1215 me deparo com a seguinte cena "macabra", que vocês podem visualizar nas fotos abaixo:



    As imagens "falam" por si mesmas, mas caso alguém não consiga visualizá-las, trata-se de uma cena cada vez mais comum em Curitiba (e sei que, infelizmente, em muitas cidades brasileiras), que é a "poda drástica" de árvores, justamente quando elas estão mais frondosas, floridas, lindas, como foi este caso ocorrido na Auto-Escola das fotos acima. Ironicamente esta violência aconteceu justamente na data em que, simbolicamente, temos que lembrar da importância, cada vez maior, da preservação das árvores em nossas cidades tão áridas.
  Vemos às dezenas estas cenas por diversas ruas da cidade, principalmente em bairros um pouco mais distantes do centro (que não é o caso acima, ocorrido em local de grande movimento), talvez pela baixa fiscalização. O cidadão simplesmente se acha "no direito" de privar as outras pessoas de uma agradável sombra na calçada da via pública, de privar os pássaros de suas moradias e de sua alimentação... enfim, nos privam de belíssimos espetáculos da natureza, relegando apenas esqueletos secos e horrendos, verdadeiros filmes de terror.
  O pior de tudo é que nossa população em geral parece cada vez mais indiferente a tudo isto. Pessoas insensíveis e ignorantes talvez achem "certo" fazer isso. No caso das fotos acima, era caso dos alunos se recusarem a permanecer matriculados nesta instituição de ensino para o trânsito, por não aguentarem um visual tão macabro, justamente na pista de aulas, onde estas árvores inclusive propiciavam uma boa sombra e maior conforto aos candidatos a carteira de motorista!
  Os "podadores drásticos" podem alegar que as árvores causam "sujeira", com as folhas que caem no chão. Pois eu digo que isso é natural e degrada-se com o tempo, além de alimentar a terra. Sujeira de verdade são as garrafas de plástico, latas de alumínio, papéis,etc. que o ser humano joga das janelas dos carros e ônibus nas ruas, nos terrenos baldios, etc. Esta sujeira nunca se degrada. E ninguém parece se importar com nossas cidades cada vez mais emporcalhadas!
  É sabido que, após certa idade, fica cada vez mais difícil para a árvore se recuperar de uma poda drástica. Se fossem feitas podas sob supervisão técnica, eliminando-se galhos maiores e mais perigosos, que possam atingir fios de eletricidade, etc. é aceitável. Mas deliberadamente deixá-la sem folhas para respirar é maldade pura e certeira.
  Enfim... estes fatos me entristecem cada vez mais. A impressão que temos é que as árvores estão mesmo perdendo em Curitiba, outrora "cidade modelo" em preservação ambiental e arborização, hoje não mais. Quando não são cortadas para construírem shoppings, concessionárias de veículos, etc., elas têm todos os galhos sacrificados ou mesmo quando são mudas recém plantadas pela prefeitura, são quebradas por vândalos (ou serão os mesmos que as odeiam quando grandes?).
 Em época de mudanças climáticas, quando o conhecimento humano chegou a níveis tão avançados e a informação está ao alcance de todos, a impressão que fica é que a população brasileira só prioriza fazer compras, andar de carro, ganhar dinheiro e nada mais, importando-se quase nada com suas cidades, que vão ficando abandonadas, cheias de lixo, sem árvores, sem vida; enquanto essas pessoas refugiam-se dentro das prisões dos condomínios ou shoppings, adornados com arbustos baixinhos, horríveis, sem função ambiental nenhuma; enfim, sem conteúdo algum, como essas pessoas são, essa é a verdade!

domingo, 22 de setembro de 2013

E o símbolo de Curitiba vai desaparecendo...

Av. Pres. Kennedy, 1656 - foto do Google em 2011

Av. Pres. Kennedy, 1656 - foto do autor em 2013
Reparem nas duas fotos acima, pois elas falam por si mesmas. A primeira, obtida através do Google Street View, mostra duas três araucárias sadias, em uma esquina da Av. Presidente Kennedy, no bairro Água Verde, em Curitiba. A segunda, tirada neste ano, mostra as mesmas árvores totalmente secas. Poderia ser uma exceção, uma coincidência, mas não é. Este tipo de atitude tem acontecido por toda a cidade de Curitiba - cidade que possui a araucária estampada em seu brasão.

Com toda a certeza não é uma "doença" comum que vêm atingindo uma das árvores em maior perigo de extinção do Brasil. Esta doença chama-se "bicho-homem" e é notória a ignorância das pessoas em matar os últimos exemplares do único pinheiro brasileiro, o qual sustentou tantas gerações de paranaenses, catarinenses, gaúchos e paulistas com a venda de sua madeira, proveniente de desmatamentos indiscriminados que ameaçaram a belíssima conífera sul americana.

A prefeitura de Curitiba também tem se mostrado complacente com esta verdadeira tragédia que ocorre na cidade, pois não toma nenhuma providência - embora a araucária seja protegida por leis municipais e estaduais. Após a 'doença' atingir as árvores, as mesmas têm seus cortes criminosamente autorizados pelo Poder Público. E isso se repete em construções de prédios residenciais, concessionárias de veículos, etc.

É uma pena isso acontecer na antes denominada "capital ecológica". Nos anos 80 e 90 Curitiba ainda dava exemplos ao Brasil e ao mundo de como o desenvolvimento urbano podia conviver com as áreas verdes, com o meio ambiente preservado, enfim. Hoje os moradores da cidade atacam as árvores impunemente e a prefeitura corrobora tais ações inadmissíveis em tempos de mudanças climáticas tão graves. Será isso decorrente da falta de cultura do brasileiro em geral, da falta de educação que só aumenta entre a população? Falta educação ambiental, principalmente. Não sei explicar, porque não há razão para tanta destruição. É muito triste isso. Tirem suas próprias conclusões.

Aqui vão mais alguns endereços onde araucárias "sumiram" em Curitiba. Os nomes dos estabelecimentos não serão mencionados, para que o Google não pense que estou fazendo propaganda deles. Sugiro pesquisar na internet os locais para que vocês constatem os absurdos:

- Concessionária de veículos na Av. Presidente Kennedy, 3878 (Portão) -> três araucárias "sumiram" para dar lugar a espaço para exposição de um carro(!!) no jardim;
- Concessionária de veículos na Av. Mario Tourinho, 1212 (Campina de Siqueira) -> uma araucária na frente da loja primeiro "secou" (como a das fotos acima) e depois desapareceu, para dar lugar provavelmente a apenas um veículo;
- Concessionária de veículos na Rua Mateus Leme, 1875 (Centro Cívico) -> prefeitura autorizou a derrubada de várias araucárias centenárias para a construção da loja, alegando estarem "doentes"...
- Sede de importante órgão federal, na Rua Sandália Manzon, 210 no Bairro Santa Cândida -> diversas araucárias centenárias que ornavam o jardim do edifício "sumiram" - será que por tratar-se de órgão do governo eles também "podem tudo"? Ok, as concessionárias de veículos também podem, como notamos acima.
- Restaurante italiano na Avenida Silva Jardim, 2487 (Batel) - uma araucária localizada na parte de trás, no estacionamento do restaurante, está seca, denotando que isso foi feito propositalmente.
- Restaurante japonês na Rua Carneiro Lobo, 720, esquina com Av.Visconde de Guarapuava (Batel) - uma belíssima araucária no jardim do restaurante está secando aos poucos também. Ela era sadia antes da abertura deste estabelecimento.

Estes são os casos mais vistosos, mas existem centenas de outros, que relacionarei aqui para que vocês, leitores, acompanhem e denunciem também. Precisamos demonstrar que a população não é 100% conivente com essas práticas e que estamos notando os absurdos que acontecem nesta cidade, os quais não são muito diferentes dos que acontecem em outros lugares do Brasil. Com isso a "capital ecológica" vai, infelizmente, perdendo seu maior símbolo.

Para finalizar, coloco o brasão oficial de Curitiba e outro desenvolvido pelo movimento "Salvemos o Bosque da Casa Gomm" mais atualizado, de acordo com a realidade atual:

Brasão de Curitiba - oficial

Brasão de Curitiba adaptado à realidade atual das araucárias
Abaixo mais um capítulo deste verdadeiro massacre das araucárias, colaboração de nosso amigo Luiz Guilherme Todeschi. Aconteceu recentemente na Rua Francisco Screcim, 43, bairro Ahú, Curitiba, PR. Onde estas pessoas estão com a cabeça? Restam tão poucos exemplares...

Araucária cortada em residência na Rua Francisco Scremim, 43 - Ahú - Curitba, PR em 28/01/2014.
Para saber mais clique no link (é preciso ser cadastrado no Facebook).

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Morte de tipuana na Rua Guilherme Pugsley (Curitiba)

Hoje ocorreu o corte de uma linda árvore da espécie tipuana, imensa, próximo ao número 1269 da Rua Guilherme Pugsley, também conhecida como "via rápida Portão-Centro" (bairro Água Verde, em Curitiba, PR). A árvore estava visivelmente sadia, como muitas que injustamente são cortadas nesta cidade. 
Fiquei indignado e quando eu fui tirar algumas fotos, um funcionário da prefeitura (aparentando ser até menor de idade) começou a me insultar, fazendo gestos obscenos e gritando bem alto, de forma agressiva. Além de denotar desrespeito e um cidadão que paga seus impostos (e mantém seu salário), deu para perceber o quanto estes funcionários estão acuados, sabendo que o que fazem é errado e desaprovado por parte da população (principalmente nós, blogueiros defensores do meio ambiente). Mas o que mais se percebia na equipe era orgulho da destruição causada e a vontade de coibir quem se colocasse contra isso.
Vejam as fotos (a situação "antes" foi retirada do GoogleMaps e a "depois" eu fotografei hoje durante a execução dos serviços pela Prefeitura Municipal de Curitiba).


 Como era antes. Fonte: Google Maps
Destruição no Água Verde. Foto do autor (19/08/2013)

Já registrei na Central 156 uma reclamação, porém estou bastante desiludido com este serviço. Eles não tomam providências e nem mesmo nos respondem. Só nos resta a solidariedade dos colegas que defendem a natureza aqui na internet mesmo. Antes que alguns venham aqui me criticar, dizendo que "é só mais uma árvore cortada", reitero que a situação é grave e emblemática. Pode ser só uma, porém por toda Curitiba são milhares de árvores sacrificadas diariamente tanto pela população ignorante quanto pela própria prefeitura, que é cúmplice. Estas tipuanas demoraram muitas décadas para crescer e formar os verdadeiros "corredores verdes", como o presente nesta rua. Estes corredores além de darem conforto a motoristas e pedestres principalmente em dias de sol forte (que são comuns SIM em Curitiba desde a primavera até o outono, passando pelo verão), atraem centenas de papagaios, que só conseguem se abrigar nos galhos mais altos. Além disso, tais árvores filtram a poluição do trânsito intenso de veículos que as quatro faixas de rolamento da "via rápida" comportam 24 horas por dia. Se os galhos caem na rede elétrica? Poda técnica é possível e além disso esta rede elétrica já deveria ter sido enterrada há décadas, como é feito nos países desenvolvidos, onde as árvores envolvem as ruas e casas.
Toda árvore é importante. Inclusive esta, que foi morta injustamente.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Curitiba:mais lixo, menos árvores

   Observem bem as fotos abaixo: foram tiradas na Rua Brasílio Itiberê, 2803, no bairro Rebouças, em Curitiba. Elas simbolizam bastante o que vem ocorrendo seguidamente na "capital ecológica": cada vez mais árvores sadias são sacrificadas pelos próprios moradores (isso quando a prefeitura não as corta), das formas mais violentas e torpes possíveis. Mas neste caso o proprietário - uma agência de empregos domésticos - se superou: posicionou uma lixeira de forma clara a tentar impedir o crescimento da árvore. Obviamente que ele cortará os brotos que o vegetal - heroicamente - irá soltar no que restou de seu tronco.
   Além do fato desta árvore não pertencer ao proprietário do imóvel ali localizado - a calçada é pública, a todos nós pertence - o desfile de horror que ele promoveu sintetiza uma metáfora do que está acontecendo atualmente em Curitiba: o lixo se prolifera cada vez mais nesta cidade. Lixo de todo tipo, que pouco é reciclado. Ao mesmo tempo o verde definha das mais diversas maneiras. Algo muito triste acontece, que a propaganda oficial tenta esconder: a cidade de Curitiba já perdeu, na prática, há muito tempo, o título de "cidade verde". As políticas ambientais que tanto fizeram sucesso nos anos 80 e 90, colocando a cidade em destaque internacional, vão sendo abandonadas aos poucos. Não se recicla mais o lixo, pois a prefeitura - em claro conluio com empresas que coletam o lixo e administram o novo aterro insustentável querem ganhar com a tonelagem. Assim, o pouco de resíduos recicláveis que raros moradores conscientes ainda separam é largado nas ruas para o caminhão do "lixo sujo" coletar. As autorizações para corte de árvores e até de matas remanescentes aumenta significativamente. Até a araucária - árvore símbolo do Paraná e de Curitiba - está sendo dizimada por construtoras e também por moradores que as matam para que sejam cortadas. Ironicamente elegeu-se como símbolo da "copa 2014" em Curitiba uma araucária cheia de bolas. Mais ironicamente ainda é que a linda praça arborizada em frente ao estádio da tal "copa" está para perder todas as suas árvores!
   Estas cenas se espalham pela cidade onde o transporte público (que já foi referência internacional também) é abandonado, as pessoas utilizam cada vez mais os carros, que congestionam as vias públicas e poluem cada vez mais o ar. E o poder público só se preocupa em criar uma "cidade espetáculo", com shows de luzes no Natal, pontes inúteis nas grandes avenidas voltadas aos carros, condomínios cafonas que não respeitam o verde, mas que vendem um verde fictício nas propagandas, etc. etc.
  Isso tudo demonstra uma clara alienação da população, junto com governos que se servem disso para se autopromoverem e elegerem-se indefinidamente, nas três esferas. Basta ver que no plano federal também abandonam-se as políticas ambientais, destrói-se o Código Florestal e a Amazônia vai sendo rasgada, represada, estuprada.. Enquanto isso o (des)governo diz que somos um "país rico e sem pobreza". Eu não sei aonde, sinceramente. A violência continua, a educação e a saúde estão em péssimo estado... Ah sim, temos grandes estádios de futebol sendo construídos! Para isso temos dinheiro de sobra! Mas aí é assunto para outro artigo. Vejam as fotos: