terça-feira, 22 de julho de 2008

INVERNO INFERNAL: NINGUÉM PERCEBE??

Engraçado que, nos tempos atuais, ainda ouço muita gente que não acredita nas mudanças climáticas globais, acham que é catastrofismo da imprensa e, o pior de tudo, que elas não têm nada a ver com isso.

Pode até haver algum catastrofismo e pode até parecer que o problema está longe de nós, pois os tornados só acontecem nos Estados Unidos (alguém esqueceu o que passou por Santa Catarina há poucos anos atrás?) e que tsunamis só atingem a Ásia.

Tudo bem, se não ocorrerem tragédias desta magnitude no Brasil, melhor, ninguém está torcendo por isso.

Mas será que ninguém percebeu que, em pleno mês de julho, considerado o "pico" do inverno, estamos tendo, diariamente, temperaturas entre 27ºC e até 29ºC, com muito sol, em plena Curitiba, considerada a "capital mais fria do Brasil"? Alguns descrentes dizem que é o "veranico de julho", mas já estamos há mais de 30 dias estamos com o tal "veranico" sobre nossas cabeças (e também com o ar extremamente seco). Fora que tivemos o "veranico de maio", depois o "veranico de junho", fazendo com que as temperaturas frias tenham virado exceção, restritas a não mais que uns 6 dias de "frio intenso" durante o mês de junho!

E o fantasma da "Curitiba fria" ainda ronda a população, principalmente os mais velhos, lembrando-se dos tempos em que a cidade ficava mais de 4 meses envolta em nuvens, com manhãs cobertas por gelo, algumas vezes até por neve. Isso faz com que a população continue acreditando que a capital paranaense é uma cidade fria, mas não é mais, definitivamente.

Não é para refletirmos sobre o que está acontecendo? O que era natural deixou de ser. Até mesmo enchentes no Nordeste brasileiro ocorreram este ano e agora o frio atacou o sertão (enquanto abandonou o Sul!). E alguns ainda dirão que nada de mais está acontecendo?

Tudo bem, tem o tal do "La Niña" soprando por aí, mas não duvido que esta corrente não seja uma das conseqüências mais visíveis do aquecimento global.

Enquanto isso, não muito longe de Curitiba (há cerca de 200 Km), a Força Verde da Polícia Militar do Paraná descobriu um corte ilegal de não menos que umas 11 mil araucárias no mês passado (depois não se falou mais nisso, se houve punição, etc.)! Eu pergunto, será que ainda existem 11 mil araucárias? Se a população atual da ex-árvore símbolo do Estado (que foi trocada pelo norte-americano pinus) hoje não passa de 1% da cobertura original, como ainda tem gente destruindo os últimos exemplares? Será que ninguém percebeu esta mudança de clima? Será que os fazendeiros ainda acham que a natureza é infinita?? Bem, poderia ser próxima de infinita se houvesse uma conscientização, um plano de manejo, e assim teríamos araucárias para sempre, parte para corte, parte para preservação. Mas optou-se por dizimar tudo. As boas matrizes se foram. O material genético atual, mesmo se for utilizado para recuperação da espécie (e DEVE!), já é bastante pobre.

É uma tragédia o que aconteceu no Paraná. E a natureza está dando a resposta, com meses de seca a fio. Mas ainda tem gente que não acredita. E acha que aqui é a "terra das araucárias". Só se forem as virtuais. Talvez existam mais araucárias pintadas em quadros do que na terra, propriamente dita...
É uma tristeza sem fim...

3 comentários:

weiss disse...

Em Mangueirinha-PR, na Reserva dos Índios existem milhares de araucárias.
O aquecimento global é real, mas não será um fenomeno cíclico apenas?

Andre Martins disse...

Gabriel, tenho me indagadado muito também sobre esse inverno aqui no PR, dá pra perceber que quase ninguém percebe mesmo que estamos no meio do inverno e está um calor intrigante!
Falta conciência de boa parte da população. No nosso país, o "povão" ainda não tem noções ambientais e o "povinho" não tá nem aí pra natureza, muito menos pro "povão".
Realmente é uma tristeza sem fim, se nós mesmo não cuidarmos da nossa Terra, ela só vai nos maltratar de várias formas diferentes até o fim de todo (o) mundo...

Cesar Paes Leme disse...

Nossa Associação tem incentivado as pessoas a pensarem de forma real no futuro e a preservar as poucas florestas nativas que restam - através dos plantios anuais e atividades semestrais de manutenção.

Convido vocês a conhecer o projeto Festa do Pinhão em 2025
http://www.superviadigital.com.br/projetos/proj_pinhao2025.htm

Abraços Ambientais,

Cesar Paes Leme
EDITOR & Presidente da AMA São Lourenço (Curitiba-PR)

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