sábado, 25 de julho de 2009

O lixo inglês "importado" para o Brasil

Falou-se muito nestas últimas semanas sobre a imensa carga de lixo "importado" da Inglaterra que chegou aos portos brasileiros de Santos (SP) e Rio Grande (RS). Não vou me ater aos detalhes do ocorrido, que todos aqui devem ter lido exaustivamente nos jornais e também visto na televisão. O que eu gostaria de debater aqui é a falta de foco de todas estas reportagens e da visão que a população em geral tem. Ouviu-se manifestações calorosas, como "lixo imperialista" ou "é assim que os países desenvolvidos tratam o terceiro mundo", etc.

Bem, talvez nem a mais ampla investigação da Scotland Yard chegue aos culpados ou desvende os reais motivos desta estranhíssima importação. O fato é que todos nós (e a imprensa incluída) devem parar de taxar o lixo como meramente lixo, ou coisas imprestáveis, que não sirvam a nada mais. E também parar de culpar os países desenvolvidos por todos os males que atingem este mudno. Não que eles não tenham culpa. Têm e muito! Mas o Brasil produz muito, mas muito lixo. E em sua maioria estas montanhas de lixo não são dispostas adequadamente. Aliás, nem deveriam ser dispostas da forma como estão. Isso ocorre tanto por descaso de nossas autoridades quanto por falta de consciência da população; que não separa nem limpa o lixo que pode ser reaproveitado, não exige das autoridades soluções e, em muitas vezes, essa população joga lixo dentro de rios e matas! Depois, quando as enchentes de verão chegam, essa mesma população vem reclamar dos "governantes", que esqueceram deles! Claro, eles esquecem, mas se cada um não colaborar, as tragédias continuarão a acontecer.

Vivemos um sistema extremamente irracional em relação ao lixo. O homem simplesmente estoca toneladas destes materiais em locais inadequados, ficando ali para servir apenas a... poluir mais e mais o meio-ambiente! E acreditem, esse sistema perverso com certeza enriquece muita gente, e muitas empresas (por que será que as coletoras de lixo ganham por tonelada das prefeituras? com isso vai haver um interesse, por parte delas, em reduzir este lixo? fica a pergunta no ar..).

O lixo é a matéria-prima que mais aumenta no planeta (cerca de 10% ao ano, segundo algumas estimativas). Todas as outras matérias primas estão se exaurindo rapidamente da superfície terrestre. É fácil reparar na qualidade de certas embalagens de alimentos ou quaisquer outros produtos que compramos em supermercados. Sejam plásticas, metálicas ou de papel, nota-se serem extremamente resistentes, pergunta-se por que elas precisam servir apenas àquele momento efêmero entre a compra e o consumo do que está dentro dela? Quantas outras utilidades ela poderia ter, seja utilizando-a em sua integridade para outro fim ou mesmo triturando-a e processando-a quimicamente para formar outro produto?

Em primeiro lugar, ao fazermos uma compra, temos que pensar se todas estas embalagens que envolvem o produto que optamos são necessárias. Algumas estão lá por mero marketing. E nós pagamos por isso! E pagamos para que isto seja descartado em poucas horas? E depois esta embalagem fique lá, no depósito, junto com milhões de outras, demorando séculos para se degradar? É uma perda incomensurável de espaço e até de tempo!

Em diversas grandes cidades (e em algumas pequenas e médias também) os aterros sanitários estão além do limite. A cidade de Curitiba, por exemplo, já deu prazo para encerrar o aterro da Caximba. E não encontra novas áreas na região metropolitana para destinar o lixo de 4 milhões de habitantes. Nem deveria procurar! A solução única é a reciclagem, o reaproveitamento de todo o lixo possível. O orgânico serve para adubação e geração de energia. O não-orgânico possui múltiplas utilizações através da reciclagem.

Um grande exemplo de solução amplamente viável, que eu sugiro aos leitores deste blog conhecerem, foi proposto pelos arquitetos Márcia Macul e Sérgio Prado, de São Paulo, através do projeto de lei "Programa Lixo Zero, Arquitetura Sustentável, Energia Renovável". É um programa bastante abrangente, que desenvolveu excelentes materiais para construção a partir do lixo. É algo totalmente exeqüível, que deveria entrar em produção agora, pois além de baratear custos habitacionais, dá uma destinação ao lixo gerado pelas cidades, diminuindo, ainda, as emissões de gás carbônico e despoluindo a terra, os mananciais, etc - que se livrarão de toneladas de detritos. O site onde vocês encontram este projeto é o :
http://www.curadoresdaterra.com.br/projetos-de-lei.html

Precisamos ajudar a divulgar idéias como estas e fomentá-las para que se tornem realidade!

Voltando ao "lixo inglês", se já tivéssemos um amplo sistema de processamento de lixo, como proposto acima, receberíamos de braços abertos o lixo de qualquer lugar do mundo, transformando-o em renda para milhões de pessoas! Agora realmente, se isto estiver sendo trazido ao Brasil para ser simplesmente armazenado aqui... não há realmente motivo para aceitá-lo.

Poderíamos, com um programa como este, dar exemplo ao mundo. Exportarmos, além dos produtos, as tecnologias do lixo! Uma imensa oportunidade de crescimento econômico está aí, parada nas periferias das cidades. Isto aliado à limpeza do meio-ambiente, é o melhor dos mundos. Geração de renda e redução da poluição. É nesta direção que o mundo precisa caminhar. E já estamos atrasadíssimos. O lixo é de todos nós. O planeta é um só!

4 comentários:

Fusca disse...

Gabriel,
li uma notícia aparentemente retirada das manchetes (veja no Estado de SP de 17 de julho) que a PF investiga a participação de brasileiros em Londres no esquema. Cheguei a ouvir no rádio que a empresa exportadora de Londres era de brasileiros. Em seguida, a CENSURA da Ditalulla abafou as investigações e colocou o apedeuta e seu papagaio minc no palanque para falar besteiras ao invés de investigar. É sintomático que no Brasil não saem os nomes dos suspeitos presos na Inglaterra, da mesma forma que Lula impede a imprensa de trazer os detalhes da quebra do Acordo de Itaipu, enquanto Lugo alardeia suas conquistas no Paraguai.
E, ao invés de investigar e prender, o desgoverno só usa o episódio como palanque e não faz nada contra a contaminação e devastação de nosso país.

Fusca disse...

Gabriel,
seu blog foi contemplado com o selo internacional COMPROMETIDOS, recebido através do Laguardia. Busque o selo no blog www.fuscabrasil.blogspot.com
e indique outros blogs que considera dignos do prêmio.
Abraço!

ARQ. GABRIEL ENGRACIA disse...

Pois é, Fusca, é incrível,o lulla está se superando em seu atos ditaroriais, sempre a favor dos outros e contra o povo brasileiro! Agora o Paraguai vai ganhar 3 vezes mais com a energia de Itaipú e quem vai pagar somos nós! Investimentos são feitos na Venezuela e todos os demais países "bolivarianos", os ditadores mais sanguinários estão muito bem defendidos pelo apedeuta e...finalmente, nossos coronéis sarney, collor, renan , todos defendidos por suas "biografias"!
Não sei onde iremos parar com este (des)governo!

Voltando ao lixo, leiam esta sobre Maringá. É um exemplo de como NÃO se deve proceder.Quase nada é reciclado lá, um absurdo:
http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/222259

ARQ. GABRIEL ENGRACIA disse...

Caro Fusca, fico lisongeado pela indicação no prêmio "Comprometidos". Muito obrigado! Realmente não conhecia e gostaria de saber maiores detalhes!
Indicarei outros blogs também.
Um forte abraço!!
Gabriel