quinta-feira, 26 de março de 2009

Guerra contra as nossas reservas florestais!

Bom dia, amigos! Quero compartilhar com vocês o artigo publicado ontem (25/03/2009) no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, escrito pelo ambientalista Marcos Sá Correa. É importantíssimo que todos atentem à guerra que está se travando no Brasil contra as reservas ambientais, que já são pouquíssimas, além de muito pouco protegidas. É o tiro de misericórdia na preservação ambiental, dado por políticos e grupos interessados na destruição. O que restará depois? Bem , leiam a matéria abaixo, que reproduzo na íntegra, e voltaremos a comentar depois:

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O Instituto Chico Mendes se perde nas Veredas
Marcos Sá Correa *

Sem freio nem motorista, desembestado na contramão, o Brasil está em campanha para se livrar das leis que protegem as últimas relíquias de sua exuberância natural.
Há um anúncio na TV dizendo que “o País vai parar” se elas não mudarem.Mas a publicidade é o de menos.
Santa Catarina disparou na frente e, concretamente, vota até o fim do mês na Assembleia Legislativa o Projeto 0238,que desfigura o Código Ambiental do Estado a ponto de instituir a licença automática de obras não embargadas e reduzir de 30 para 5 metros a barreira de matas ciliares nos cursos d’água. A desculpa dos políticos é alforriar, com o projeto, cerca de 167 mil pequenos agricultores, espremidos pelas faixas de proteção permanente em propriedades de 50 hectares. Mas,na prática, o novo código atende antes de mais nada “os grandes”, avisa o promotor Luís Eduardo Souto, em artigo no site da Apremavi, uma ONG da serra catarinense. Os“grandes”,Souto esclarece, são 1,9% de latifundiários que dominam 32,52% da área cultivada no Estado. O “agricultor familiar”, que lhes serve de pretexto, já conta com a “autorização legal do código vigente para utilizar economicamente as áreas de preservação permanente, desde que o faça mediante sistema de manejo agroflorestal sustentável”.
Mas isso não faz diferença. Mente-se tanto no Brasil em favor dos pobres que dez projetos federais disputam, em Brasília, a honra de amputar 9,5 milhões de hectares de parques nacionais e outros tipos de reserva. Somados pelo repórter Aldem Bourscheit, dos confins da Amazônia às fronteiras do RS, eles dariam para cobrir um Estado do tamanho de SC. Só o deputado Asdrúbal Bentes quer acabar com 6,5 milhões de ha em florestas nacionais e parques no Pará.
O presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, alega que os projetos dos parlamentares são fracos, “sem informação técnica detalhada”. Seria plausível caso Mello se dedicasse a desmontá-los. Mas não foi isso que fez, no domingo passado, falando em programa de TV sobre o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.
Como encarregado oficial de zelar pelas unidades de conservação do governo federal, ele pôs no ar dúvidas estranhas sobre a legitimidade do processo que resultou no parque, estabelecido num lugar “onde tem gente”. E ainda aproveitou as câmeras para propor a revisão do Código Florestal Brasileiro.
Com defensores como Mello, o Ministério do Meio Ambiente não precisa de opositores. Mello, pelo visto, ignora que o Grande Sertão Veredas surgiu de um processo exemplar. Leva a assinatura de Maria Tereza Pádua, a funcionária pública que,em outros tempos,instituiu quase tantos hectares de áreas protegidas quanto os milhões que as autoridades agora pretendem suprimir. ●
* É jornalista e editor do site
O Eco (www.oeco.com.br)

domingo, 22 de março de 2009

Uma semana triste para o Meio-Ambiente: mais araucárias destruídas


A imagem acima é chocante e vale mais que mil palavras. Foi publicada na segunda-feira (dia 16/03/2009) no jornal Gazeta do Povo. Leiam a reportagem "Paraná desmata o que sobrou da araucária" na íntegra clicando no link abaixo ou copiando-o em seu navegador:

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=867467&tit=Parana-desmata-o-que-sobrou-da-araucaria

Como podemos aceitar acontecer ainda o desmatamento de uma espécie de árvore, no caso a araucária angustifolia, da qual restam menos de 1% de sua cobertura original no Paraná? E o pior de tudo, esta destruição que continua a acontecer têm a complacência de políticos da região sul do Paraná, todos envolvidos com o esquema criminoso de madeira. Ainda por cima, os mesmos políticos utilizam-se de discursos populistas para incentivar a população a continuar a destruição, dizendo que a única fonte de renda de cidades como General Carneiro é a extração criminosa de madeira! Agora eu pergunto: se estes municípios não ficaram ricos até hoje, será que ficarão acabando com os 1% de florestas que deveriam guardar como patrimônio da humanidade??? Sim, porque os serviços ambientais que as florestas nos prestam são incalculáveis. Será que estes políticos esperarão o Rio Iguaçú secar (e já teve ano em que as cataratas desapareceram) por falta das matas ciliares, e ainda colocarão a culpa no clima (como se nenhum destes fatores estivesse interligado)? Por sinal estamos no DIA MUNDIAL DA ÀGUA, há o que comemorar??

Não seria o caso destas pessoas serem denunciadas por crime de lesa-pátria? Elas estão privando as próximas gerações de usufruírem de um meio-ambiente equilibrado, estão privando estas mesmas gerações até de experimentarem o pinhão, fruto desta linda árvore que conheceu os dinossauros e já alimentou milhares de espécies animais e gerações de seres humanos!

O que mostra outra reportagem que postarei abaixo é que toda a força política desta região montanhosa, localizada na divisa com Santa Catarina, trabalha pela destruição. O pensamento é que, se eles sempre destruíram, por quê não continuar destruindo? Eles ainda tem o cinismo de dizer que a cobertura vegetal da região aumentou, com o plantio de pinus! Não tem o menor discernimento de que o pinus, espécie nativa da América do Norte, não traz quase nenhum dos benefícios ambientais que as araucárias nos trazem! O pinus seca o solo e não deixa outras espécies vegetais se desenvolverem, não atrai pássaros nativos do Brasil, não dá frutos comestíveis, como o pinhão, etc. É claro que o pinus é importante se for utilizado para EVITAR o desmatamento de florestas nativas (que além das araucárias, abriga muitas outras espécies igualmente importantes). Agora meramente substituir a rica mata-atlântica brasileira por "desertos verdes" de pinus é um contra-senso. Se houvesse um planejamento há mais de 50 anos atrás, teríamos florestas de araucárias até hoje, com plantio e corte seletivo. Mas a "colonização" do Paraná se deu na forma de terra arrasada: foi-se derrubando e queimando tudo o que se via pela frente como se fosse "mato sem valor" e com isso as boas matrizes das araucárias se foram para sempre. O que existe hoje é uma pequena amostra, da pior qualidade, o que aumenta o perigo de extinção, pois não tem-se mais variabilidade genética. Por isso a necessidade de preservar cada araucária ainda viva. Ela é uma árvore de desenvolvimento lento, por isso estas matas demorarão séculos para se recuperarem, isso se os produtores rurais e os políticos paranaenses as deixarem em paz, o que está difícil de acontecer...

O que deveria ocorrer urgentemente é uma grande mobilização popular contra estes prefeitos. Mas o que parece é que a população é conivente com estes crimes. A população destas pequenas cidades com medo de perderem o emprego (só que quem fica com a maior parte da renda dos crimes são os poderosos políticos e donos de terra da região). Ao mesmo tempo, a população das grandes cidades, como Curitiba, deveria parar de comprar "madeira de pinheiro", como é chamada (e já presenciei vários casos aqui na capital). Se não existir o comprador, não existirá o traficante, assim como ocorrem com as drogas! A impressão que dá é que O Instituto Ambiental do Paraná, o IBAMA e algumas ONGs sérias, como a SPVS e o SOS Mata Atlântica, trabalham sozinhos, sem apoio da maioria da população. Não seria a hora de uma grande mobilização de todas as esferas da sociedade e do governo, apresentando, inclusive, alternativas econômicas à região e também PAGANDO A QUEM PRESERVA AS FLORESTAS? Afinal estas florestas prestam os serviços de manterem nossa água e nosso ar puros, além de controlarem pragas agropecuárias e fertilizarem a terra. Isso tudo tem, e muito, valor!

Segue a reportagem de sábado (21/03/2009), sobre a influência das forças políticas em prol do desmatamento no Paraná:

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=869334&tit=Forca-politica-age-a-favor-do-desmate