sábado, 15 de agosto de 2009

Mudanças Climáticas desconsideradas

É incrível o que acontece atualmente, mas muita gente parece viver em "outro planeta", mesmo estando aqui nesta Terra inundade de informações e evidências, que nos mostram, claramente, que as mudanças climáticas estão aí.

Pegando algumas evidências das últimas semanas (sem considerar outros meses ou anos) dá pra ver claramente que algo não anda bem. No Vale do Itajaí, em Santa Catarina, as chuvas atípicas de julho voltaram a deixar a região em estado de alerta devido a deslizamentos e inundações. Claro que em 6 meses desde a última enchente não iam consertar os estragos ambientais de décadas, mas vê-se que algo continua muito errado por lá. Em Goiânia (GO) tivemos a maior temperatura média para o mês de julho desde 1937. Na Ásia tivemos tornados acomanhados de chuvas fortíssimas nas últimas semanas que produziram estragos incomensuráveis, com dezenas de milhares de desabrigados na Índia, na China, em Taiwan, etc.

E mesmo assim, a maior parte dos países signatários da Convenção do Clima, que estiveram reunidos esta semana em Bonn, na Alemanha, nos preparativos para a para a COP 15 do final do ano, relutam em reduzir suas emissões aos níveis recomendados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima), que giram em torno dos 40%. É incrível como fazem um jogo de "empurra-empurra", como se a questão climática não fosse emergencial! A União Européia, por exemplo, propõe reduzir 20% suas emissões e, dependendo do que os Estados Unidos propuserem, podem chegar a 30%! Alguns países não querem reduzir NADA, como é o caso do Brasil e da China, que alegam serem "países em desenvolvimento"... É lamentável, pois a China já é o maior poluidor global e o Brasil está oscila em torno do quinto lugar, devido às queimadas na Amazônia! Com discursos populistas, vêm afirmar que irão perder empregos e divisas; quando poluição não é sinônimo de desenvolvimento, de forma alguma.

Isso se deve ao fato dos custos ambientais não serem computados em cálculos macro-econômicos, como o do PIB (Produto Interno Bruto) dos países, por exemplo. Não se mensura o número de vidas e de patrimônio perdido em tragédias ambientais (alguns economistas equivocadamente até consideram tragédias como "oportunidades de crescimento econômico"), nem mesmo o custo aos sistemas de saúde com o tratamento das pessoas afetadas pela poluição atmosférica ou da água. Sem contar os serviços ambientais gratuitos que as florestas nos prestam com sua biodiversidade. Estes são apenas alguns exemplos do que se perde com a degradação ambiental, o que com certeza é muito mais do que os empregos perdidos com a redução da poluição, porque estes podem ser compensados com novas funções que o setor ambiental está criando e continuará a criar. É uma nova economia, uma "eco-economia" que o mundo não consegue enxergar!

Existe uma proposta a ser discutida e aprovada na Conferência do Clima que ocorrerá em Copenhage, no final do ano, que é da certificação REDD (Redução de Emissões por Degradação e Desmatamento). Esta certificação complementa a do atual Protocolo de Kyoto, por incentivar a preservação das florestas nativas intactas, como forma de reduzir as emissões. No Brasil, por exemplo, a maior parte das emissões são causadas na mudança do uso do solo florestal, desmatando e queimando a vegetal nativa e depois revolvendo o solo para plantar. Nas três operações há liberação de carbono. Agora os serviços ambientais que a biodiversidade nos presta, ainda que difíceis de serem mensurados, são tão ou mais importantes do que a manutenção do carbono na floresta. Isto o REDD assegura, que estes serviços continuarão a serem prestados. Mas, por incrível que pareça, o (des)governo brasileiro se coloca contra esta norma REDD! Seria a solução para preservar a Amazônia, com o aporte de recursos estrangeiros em sua preservação! Mas, injustificadamente, os representantes do lulo-petismo no exterior apresentam seus discursos populistas, com medo da Amazônia ser invadida, etc. e tal, para, mais uma vez, não assinar acordos internacionais que preservem nossos recursos naturais! Ou seja, mais uma vez, tudo na contra-mão do que deveria ser!

Isso sem contar o não-investimento em energias alternativas (só incentiva-se grandes hidrelétricas que desmatam e inundam áreas imensas de florestas), a abertura de estradas em áreas ainda preservadas, o desmantelamento do Código Florestam em nome de ruralistas inescrupulosos que já destruíram quase tudo o que podiam e o que não podiam, etc.

O tempo está se esgotando. Talvez não consigamos reverter o aquecimento global e suas conseqüências. Mas ao menos estabilizar o clima talvez fosse possível com algumas medidas que não significam tanto sacrifício quanto nossos dirigentes afirmam serem necessários. Mesmo assim, nada de novo é feito. Apenas reuniões que acabam decidindo que fiquemos do mesmo jeito. Só que o mundo já não é mais o mesmo. Será que iremos acompanhar estas mudanças?

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