domingo, 28 de junho de 2009

Mananciais violentados em SP


Já faz muitos anos que ouvimos falar dos problemas dos mananciais de água nas grandes metrópoles brasileiras, e temos como caso mais grave e emblemático o de São Paulo. Emblemático principalmente por seu gigantismo. Uma área com 18 milhões de habitantes, que há décadas cresce sem parar e sem planejamento, possui também um grave problema em relação à disponibilidade hídrica.
São Paulo já capta água há mais de 100 Km de distância, bombeando água proveniente de lugares como o sul de Minas Gerais ou a bacia do Rio Piracicaba, com custos altíssimos de eletricidade e de tratamento. Isso porque a população poluiu praticamente todas as fontes próximas da capital, tais como as represas Billing e Guarapiranga, e continua poluindo e destruindo essas fontes.

Para piorar, conforme matéria no jornal O Estado de São Paulo da última quarta-feira (24 de junho), a Assembléia Legislativa do Estado aprovou uma lei que regulariza cerca de 200 mil "imóveis" na beira da Represa Billings! Absurdo dos absurdos, esta regularização nada mais faz além de concretizar e legalizar o que está absolutamente errado! São mais de 1 milhão de pessoas que simplesmente não deveriam estar ali, pois estão poluindo a água que outros milhões consomem! Estas leis populistas, de regularizações, vêm geralmente acompanhadas de "compensações ambientais" que nunca são cumpridas. Isso vale tanto para ricos quanto para pobres no Brasil. Todos se aproveitam da impunidade que reina no País, e quem perde somos todos nós e, é claro, a natureza. Claro, é um trabalho hercúleo desalojar tamanha quantidade de pessoas, e realocá-los em conjuntos habitacionais. Mas primeiramente elas não deveriam ter se instalado lá. Sabemos dos graves problemas de distribuição de renda, baixos salários, sub-empregos, tão conhecidos no Brasil; os quais levam milhões à exclusão do "mundo formal". Não podemos negar que a grande maioria destes habitantes dos mananciais vivem em condições precárias de higiene e saúde, utilizam-se de "gatos" para não pagar energia elétrica, as crianças sofrem de sub-nutrição e muitos outros problemas. Faz-se um parênteses na questão de saúde, a qual passa pela falta de educação e consciência dessas pessoas, que levam-as a jogar todo tipo de lixo e detritos dentro destes mananciais, agravando ainda mais o problema ambiental. Ou seja, além da retirada da vegetação, que mantém as águas saudáveis, uma quantidade incomensurável de lixo e esgoto é atirada nestas mesmas águas!

Voltando à questão de como e porquê estas populações foram instalar-se em locais que deveriam ser "travados" (e até o são no papel, na Lei dos Manaciais), muitos fatores os levaram para lá. Não vamos nos prologar muito analisando-os, mas fora a falta de dinheiro ou crédito para comprar terrenos "legais" por parte destas populações, muito da conhecida safadeza de nossos políticos, aliada a de lideres religiosos locais, como as "pastorais" da igreja católica, consorciam-se para incentivar as invasões, dando "terrenos" a pessoas geralmente ignorantes, em troca de votos e outros favores. Este processo arrasta-se a décadas e já é bem conhecido, principalmente nos entornos da represa Billings. Aí, para completar, vem uma lei como a desta semana e legaliza tudo o que foi feito de errado! Isto só leva as pessoas a sentirem-se mais encorajadas a invadir mais e mais. Alia-se a todo este processo o desprezo do brasileiro a tudo o que é "mato", que deve ser derrubado, e a tragédia está instalada... Quando irão aprender que o "mato" mantém a água e o ar puros, dentre muitos outros benefícios? O que fica na paisagem em torno das outrora tão belas represas é um rastro de destruição, barracos horríveis e sem o mínimo conforto a seus habitantes, lixo e esgoto por toda parte, peixes e outros animais mortos e... quase nenhum verde!

É preciso seguir exemplos como o de Nova York. Claro, alguns dirão que os Estados Unidos e outros países desenvolvidos poluíram o planeta inteiro. De fato, mas nestas sociedades sérias e consolidadas, quando uma lei é aprovada, ela é seguida. E a cidade de Nova York há tempos faz a lição de casa em termos de conservação das águas. A prefeitura da maior cidade americana comprou áreas distantes da área urbana da cidade. São áreas - muitas vezes pertencentes a outros municípios - que circundam as represas e rios que abastecem a metrópole. Estas áreas são preservadas com suas florestas em pé, e a ocupação é totalmente proibida. Com isso Nova York consegue uma água de qualidade e com um custo de tratamento químico bem mais baixo. Ao contrário disto, a SABESP, em São Paulo, gasta cada vez mais com produtos químicos, dada a qualidade cada vez pior das áreas que circundam São Paulo, justamente por permitirem ocupações desordenadas nos mananciaias! Exemplos existem em outras partes do mundo, como o programa de reflorestamento de beiras de rios que a Alemanha empreende. Sim, repito que são países que já muito destruíram e poluíram. Mas mostram terem aprendido com erros seculares. O que o Brasil, infelizmente, não aprende.

A mesma ocupação desordenada que mencionamos na Billings ocorre, também, na Serra da Cantareira, na Zona Norte da Grande São Paulo. Esta é outra região de manancial e, justamente lá, ocorre um verdadeiro "estupro" a um dos últimos remanescentes de mata atlântica perto da capital. E este "estupro" é empreendido tanto por pobres quanto por ricos. Tanto favelas quanto condomínios de luxo sobem o morro. Imobiliárias compactuam com o desmatamento, vendendo terrenos ilegais para os mais diversos usos. No caso dos "ricos", vende-se a idéia de "morar junto à natureza". A hipocrisia é tão grande, que daqui a pouco esta natureza onde quer se estar perto, não existirá por culpa dos moradores que tanto a "desejam". Desejam mas destróem-a violentamente. Geralmente essas casas de "alto padrão", em sua maioria, utilizam-se de um paisagismo vil, inútil, composto basicamente por arbustos importados. As plantas nativas do Brasil, abundantes no local, são extirpadas, em troca de uma ridícula "limpeza" destes arbustos, que afastam pássaros, não sombreiam nem fertilizam a terra. Isto provém, também, de uma falta de conhecimento ambiental quase total. Prova que tanto ricos quanto pobres no Brasil não possuem a consciência ambiental em sua cultura. Outros absurdos encontrados na mesma Serra da Cantareira são os detritos jogados em beiras de estradas, cursos de rios. Detritos de todos os tipos, provenientes de festas que ocorrem nos "buffets" da região, ou mesmo de motoristas mal educados que tudo atiram pelas janelas dos carros. Mais uma prova do desprezo pelo "mato". O mato absorve tudo, agüenta tudo... São absurdos em cima de absurdos.

A pressão populacional é imensa, sabemos. Todos dizem que "São Paulo não pode parar", mas a continuar neste ritmo, terá que parar por falta de água. A locomotiva do Brasil é ambientalmente decadente há muito tempo e parece que ninguém vê! E este exemplo não isenta outras capitais brasileiras, como Rio de Janeiro ou Curitiba. Os mesmos problemas ocorrem, em menor escala, também nos subúrbios destas cidades. Voltaremos a falar destes assuntos em breve. Mas que fique o alerta: já passou do tempo de cuidarmos de nossas fontes de água!

domingo, 21 de junho de 2009

Destruição na Marginal do Tietê


Nesta quinta-feira o site UOL nos presenteou com imagens chocantes, como esta acima, de operários cortando as poucas árvores existentes na Marginal do Tietê, na cidade de São Paulo. (leiam matéria completa no link http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/06/18/ult5772u4375.jhtm ). Alguns dirão que são apenas alguns exemplares, que nem fazem parte de nosso ecossistema (algumas delas são realmente falsas figueiras "importadas"). No entanto as mesmas estavam adaptadas ao local e abrigavam importante biodiversidade, além de reduzirem a temperatura e a pressão das chuvas nesta região ambientalmente crítica da maior metrópole do País.

Mas isto é apenas uma parte de tudo o que está para acontecer ali. Esta imagem acima é apenas um símbolo de um projeto que começa a ser implantado nas vias expressas ao lado do finado rio Tietê, projeto que vai na contra-mão de tudo o que aquela várzea precisaria.
O que será feito ali é o absurdo dos absurdos: a implantação de mais vias para automóveis, justamente nos poucos locais onde ainda existe um pouco de verde ao lado do rio!

Precisamos voltar um pouco na história, para demonstrar que o Tietê, assim como a maior parte dos rios que cortam São Paulo, sempre foi visto e utilizado de maneira incorreta. Historicamente as margens do Tietê sempre foram alagáveis em períodos de chuva. Durante as administrações do prefeito e engenheiro Prestes Maia (primeiro nos anos 40, depois na década de 60), quando foram elaborados os principais planos viários para a cidade de São Paulo, fez-se a retificação do rio Tietê e posteriormente implantou-se o sistema de avenidas denominadas "marginais" ao rio. Claro, não pode-se questionar a importância da adequação viária em uma cidade que não pára de crescer, como é o caso de São Paulo. Mas ali ao lado do rio (como em muitos outros rios da cidade) cometeu-se três erros: a retificação, que aumenta a velocidade de escoamento da água; a impermeabilização com o asfaltamento das margens e, finalmente, a perda da vegetação da borda ("mata-ciliar"). Isso sem contar a priorização do transporte individual, que é outro grave problema ambiental que voltaremos a discutir. Bem que, na época, o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito (responsável pelo plano urbanístico da cidade de Santos, SP) propôs um projeto em que o curso normal do rio Tietê, com seus meandros, seria mantido, criando-se parques lineares ao longo de suas margens e localizando-se as avenidas longe das margens. Isso protegeria o rio e também os motoristas das constantes enchentes, mantendo-se um pouco do ecossistema original. Mas ele não foi ouvido. E o que se fez foi o pior dos mundos (retificação e asfaltamento), o que causou as tão conhecidas enchentes nos verões paulistanos.

Recentemente, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), acelerou-se o programa de despoluição e desassoreamente do rio Tietê, com resultados visíveis, mas ainda longe do ideal (a população também não colabora, pois continua-se a jogar detritos dentro do rio). Mas, parte do problema das enchentes foi resolvido, através da dragagem destes detritos, aprofundando-se a calha do rio (o mesmo que "chover no molhado", mas dá algum resultado...) e também iniciou-se um amplo reflorestamento das margens do rio e dos canteiros entre as vias, através do plantio de milhares de mudas de árvores nativas do Brasil. Inclusive após cerca de 4 anos, algumas árvores já tomam um porte que dá um outro ar ao outrora esgoto a céu aberto, como é conhecido o rio paulista. Inclusive dentro deste programa foram aumentados os coletores de esgoto, para evitar o despejo in natura no curso d´água (alguns municípios vizinhos, como Guarulhos, não querem colaborar e continuam a despejar os dejetos da população dentro do Tietê).

Pois bem, justamente onde formavam-se lindos bosques, que além de diminuir a temperatura ajudariam na absorção das violentas águas das chuvas de verão, o atual governo, José Serra (também do PSDB) propõe.. asfaltar estes locais, totalmente! Ou seja, tudo o que foi feito de errado no passado agora se repete. Parece que nossos governantes não aprendem com os erros do passado! Qual seria o motivo disto? Simplesmente acabar com o trabalho de seu antecessor (que não deixa de ser adversário dentro do partido), ou seria, mais uma vez, a pressão das grandes empreiteiras, sempre sedentas por obras faraônicas, em troca de financiamentos de campanha? Não estou dizendo que isto seja privilégio deste ou daquele partido. O partido do governo federal (PT) também abre as portas para imensas obras destruidoras ambientais, como as que abrirão estradas e hidrelétricas no pouco que resta da Amazônia.

Mas voltando a São Paulo, outra solução ambientalmente viável e que nunca pensou-se para esta metrópole tão problemática é o investimento em transporte coletivo de qualidade, como os trens de superfície ou mesmo metrôs subterrâneos. A rede está sendo ampliada a passos lentos (enquanto cidades bem menores que São Paulo, como Paris, chegam a ter 400 Km de redes de metrô, a capital paulista mal chega a 60 Km). Por quê não pensou-se em uma solução do tipo para a Marginal Tietê também? Pelo contrário, prioriza-se o transporte individual, ineficiente e poluente. Não adiantará colocar 20 pistas de cada lado do rio (como se coubessem!), pois com o aumento constante da frota, elas nunca absorverão tal trânsito. Alegam que a obra serve para desafogar também o trânsito de passagem, cujos veículos apenas passam por São Paulo (para ir, por exemplo, do Vale do Paraíba para o sul do Brasil, por exemplo) e congestionam as vias Marginais. Só que este problema iria ser resolvido pelo Rodoanel, outra obra em andamento pelo governo paulista. Tudo bem que o trecho norte do Rodoanel ainda nem começou, mas quando o mesmo for concluído, haverá um esvaziamento da Marginal Tietê (ao menos supõe-se). Aí, mais uma vez prova-se que este desmatamento e esta impermeabilização constantes mostram-se inúteis!

É um tremendo equívoco urbanístico, como aliás tantos outros que comete-se no Brasil. Pensa-se no micro, nunca no macro. A região metropolitana deve ser submetida a um planejamento urbano e ambiental muito mais amplo. Não é meia dúzia de faixas de rolagem e novas pontes que vão resolver o trânsito de mais de 6 milhões de veículos. Só servirão para aumentar as enchentes... fala-se em compensação ambiental, mas com tanto asfalto haverá espaço para isto?

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Boas e más notícias no Dia do Meio-Ambiente

Pois é, amigos, chegamos a mais um "Dia do Meio-Ambiente" (5 de junho) e novamente eu pergunto: há o que comemorar.

Bem, relembrando, o texto anterior deste blog deu uma pincelada sobre as últimas ações nesta área nos últimos tempos, que foram, em sua maioria, contra o meio-ambiente. Podemos eleger como a "pior de todas" esta medida provisória que praticamente entrega as terras amazônicas a seus desmatadores, aos grileiros, aos bandidos que durante décadas só causaram destruição e miséria à região! Isso só vem provar que o crime compensa no Brasil. Seja este crime praticado por grandes fazendeiros ou pelos "pobres" (SIC) sem-terra. Todos grilam, desmatam, queimam e abandonam. E agora ganham. É lamentável. Nós, ambientalistas, estamos de luto neste dia, como bem colocou o site do Greenpeace. Nem vou me ater muito a esta medida provisória, pois acredito que todos têm lido nos jornais/internet ou assistido muito sobre ela na TV.

Agora, para melhorar um pouco o astral, nem tudo são más notícias nesta semana que se passou. Apesar de que esta boa notícia que citarei agora (muitos já devem saber dela) decorre de um absurdo injustificável que continua ocorrendo no Paraná e em Santa Catarina: o desmatamento da flores ombrófila mista (matas com araucárias), da qual restam menos de 1% preservados, conforme comentamos aqui diversas vezes. Devido a este descalabro ainda continuar, ocorreu nesta semana a prisão de alguns prefeitos, vice-prefeitos, secretários e parlamentares de municípios da região sul do Paraná, em operação conjunta da Polícia Federal com o Ibama e com o Instituto Ambiental do Paraná. Leiam a reportagem completa do jornal Gazeta do Povo clicando ou copiando o link abaixo:

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=892876&tit=Politicos-sao-presos-por-desmate

Por um lado é um avanço alguém ser preso por crime ambiental no Brasil, ainda mais políticos. Por outro, duas coisas desanimam: este crime ainda continuar num estado que está quase todo desmatado; além de ser difícil confiarmos nas leis brasileiras, cheias de brechas que permitirão que estes políticos se livrem da cadeia e até das multas.

Claro que a solução para o problema vai muito além disso. Programas de incentivo governamental aos proprietários de terras que mantiverem suas matas nativas em pé seria uma das soluções. Valorizar os produtos que evitem o corte das araucárias, como os pinhões comestíveis e as folhas (grimpas), com as quais pode-se fazer madeira (chamada PMGP, um tipo de MDF), conforme outra matéria que publiquei aqui no blog (leiam em http://treesforever.blogspot.com/2008/03/idias-2-novos-tipos-de-madeira-ecolgica.html ).

Mas tudo isso para virar realidade em nosso país... um país que desvaloriza tanto sua natureza, por considerá-la infinita... acabará por perdê-la.

Continuamos de luto por esta semana, mas não vamos perder as esperanças nem vamos deixar de combater tamanhos absurdos!

Feliz Dia do Meio-Ambiente a todos!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Todos contra o Meio-Ambiente

Este blog às vezes pode parecer negativo demais, eu reconheço; mas eu pergunto a vocês, amigos, como podemos agir de outra forma diante de tantos absurdos praticados contra o meio-ambiente, principalmente aqui no Brasil?

E o contra-senso é total: em um momento que as tragédias associadas ao Aquecimento Global estão aí, na cara de todos (enchentes ano passado em Santa Catarina e este ano no Nordeste, seca recorde no Sul do país e muitos outros fatores), os governantes, os ruralistas e as televisões parecem associar-se contra a preservação do pouco que resta preservado de nossa natureza. Senão vejamos, resumidamente, algumas ações recentes. Vamos nos concentrar apenas nestes últimos 5 meses ou pouco mais:

- Aprovação do criminoso "código ambiental" em Santa Catarina (deveria se chamar "código de destruição"), o qual permite que as propriedades rurais praticamente não tenham mais mata ciliar (5 metros não é nada), dentre vários outros absurdos;
- A TV Bandeirantes desencadeou campanha deslavada contra as leis ambientais, enganando a população ao dizer que tais leis "travam o desenvolvimento do Brasil";
- Fazem coro junto com este canal de TV o ministro da agricultura Reinhold Stephanes, a ministra da casa civil "mãe do pac" Dilma Roussef, o "ministro americano" Mangabeira Unger e mais uma série de outros funcionários do primeiro escalão do (des)governo, todos contra as leis ambientais e a favor de um "desenvolvimentismo" suicida, típico dos governos militares dos anos 60 e 70;
- O fanfarrão "lulla", o qual se diz presidente, deu voz a esta campanha, com suas blasfêmias de dizer que as obras que "eççe paíz precisa" não vão pra frente por causa do bagre, da perereca, etc., bem como dizer que se existissem leis ambientais nos anos 50, Brasilia não existiria, dentre outras idiotices típicas de quem não estudou e faz discurso sem o menor embasamento;
- Com esse empenho todo, o mesmo presidente decreta lei que permite a destruição de nossas cavernas (o que o país vai ganhar destruindo estes importantes abrigos de biodiversidades quase extintas, bem como de sítios arqueológicos?), autorizando também a "doação" de terras Amazônicas aos mesmos criminosos que destruíram quase 20% da (ainda) maior floresta tropical do mundo (ou seja, ser criminoso neste país realmente continua compensando) e, o pior, aprova leis incentivando a abertura e asfaltamento de estradas nos locais mais remotos e (ainda) preservados da Floresta Amazônica (isto é uma decretação de pena de morte para a floresta);
- Para completar, a bancada ruralista no congresso tenta aprovar lei que dá autonomia a estados e municípios para legislarem da forma que bem entenderem sobre as questões ambientais, o que dá força a absurdos como esta lei catarinense e criará mais uma série de brechas para o desmatamento pelo país afora (como se já não desmatassem sem respeitar nada, imaginem amparados pela lei!).

Eu não estou me lembrando de todos os absurdos dos últimos meses. Sei que, enquanto isso, tenta-se enfraquecer mais um ministro do meio-ambiente, deixando o midiático Carlos Minc ainda mais fraco do que já é em suas ações.

Tem horas que nós, como ambientalistas que somos, perdemos quase todas as esperanças. Foram anos de conquistas de ONGs sérias como SOS Mata Atlântica, Greenpeace, WWF, Ipê, etc., as quais passaram a década de 80 lutando por aprovações de leis que freassem a destruição violenta pela qual a natureza passou nos últimos séculos, e que agora se vêem desmoralizadas por governos e TVs populistas, que de uma hora pra outra resolveram colocar a população contra os ambientalistas, contra a preservação!

O Brasil já é um país cuja população, por natureza, despreza o meio-ambiente. É só ver nas cidades o quanto de árvores são cortadas pelos próprios moradores, sem saber o quanto o verde os beneficia; a imensa impermeabilização das cidades que causa enchentes astronômicas; o descaso com o lixo, que é jogado em ruas, rios e córregos e quase nunca reciclado. Indo para o meio rural, basta ver o desprezo de grande parte dos agricultores pelo "mato", que deve ser cortado e queimado a todo custo. Enfim, práticas que vêm de longe e que mostram que a consciência ambiental tinha que começar na casa, na cabeça de cada um. E o pouco de avanço que podemos ter tido vai por água abaixo com este discurso errôneo de que "preservação ambiental é atraso".

Enquanto isso, num plano macro, não se investe em energias alternativas, como solar e eólica. Só se fomenta inundações dantescas na Floresta Amazônica para construir hidrelétricas (que além de acabarem com a floresta, geram gás metano e levam pobreza e sujeira às regiões próximas); fomenta-se mais usinas termoelétricas, queimando óleo e carvão; investe-se no transporte rodoviário até em áreas preservadas, quando o ferroviário poluiria menos e não impactaria as margens da via; etc.

Como se vê, o movimento ambientalista está sendo sistematicamente atacado e enfraquecido.
...

Caros amigos,
Para continuar a ler este e outros textos, gostaria que vocês conhecessem este livro.
Ele possui todos os TEXTOS deste blog REVISADOS E AMPLIADOS , bem como TEXTOS INÉDITOS também!
O livro "REFLEXÕES ECOLÓGICAS EM UM MUNDO INSUSTENTÁVEL" vocês podem adquirir clicando na imagem acima, no site CLUBE DE LEITORES.

Os leitores que quiserem guardar este conteúdo em sua biblioteca ou mesmo dá-lo de presente a amigos, eu ficarei bastante honrado!

A luta do BLOG TREES FOREVER por um mundo mais sustentável e por governos mais sérios e atuantes na área ambiental vocês já conhecem. Esta luta é de todos nós e eu agradeço muito por estes quase dois anos de convivência aqui neste ambiente virtual!

Se possível, por favor ajudem-nos a divulgar este livro, enviando o site abaixo a seus amigos, conhecidos, colegas de trabalho, familiares, etc.:

http://clubedeautores.com.br/book/9850--REFLEXOES_ECOLOGICAS

Um forte abraço a todos e muito obrigado!!

Gabriel Bertran