sábado, 24 de março de 2012

FHC defende restrição ao desmate

Caros amigos,
Sei que pode parecer muita "falta de imaginação" publicar matérias prontas, tiradas de outros sites, por aqui. Mas eu não poderia deixar de apoiar nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela lucidez com que tratou a questão ambiental, envolvendo esta pressa injustificada pelas mudanças do Código Florestal, mudanças estas que visam favorecer a apenas um setor, o do agronegócio, sendo que os congressistas não ouvem nem a população (que em grande é contra as mudanças) nem a comunidade científica. Para piorar, o debate agora repousa sobre meras questões partidárias, envolvendo até mesmo a Lei Geral da Copa e trocas de favores entre políticos. É muito triste que questões grandes e que impactam toda a população do País fiquem restritas aos interesses de um grupo tão pequeno..Com isso perde-se a oportunidade de criar uma verdadeira "economia ambiental" no Brasil. E nós poderíamos ser vanguarda nisso, dar o exemplo ao mundo! Enfim..fiquem com as palavras de FHC, as quais, neste quesito, eu assino embaixo:

FHC defende restrição ao desmate

Ex-presidente criticou tramitação do novo Código Florestal no Congresso e uso político da questão ambiental

23 de março de 2012 | 20h 02

Giovana Girardi, Enviada Especial, Manaus
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse ontem ser a favor do desmatamento zero no Brasil. "Já me manifestei a favor. Porque acho que não há por que se aceitar o desmatamento como uma técnica de utilização da floresta.
'Se é meio ambiente, é uma discussão nacional, não de partido', diz Fernando Henrique Cardoso - Arquivo/AE
Arquivo/AE
'Se é meio ambiente, é uma discussão nacional, não de partido', diz Fernando Henrique Cardoso
Existem experiências com comunidades extrativistas que demonstram que se pode conviver com a floresta e dar sentido econômico a ela, sem destruí-la. E a Amazônia não é só floresta, pode-se plantar onde não tem floresta, mas onde tem um bem tão grande, é melhor manter a posição mais estrita", afirmou durante o 3.º Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus, onde fez uma apresentação sobre os desafios do desenvolvimento sustentável.
Questionado sobre sua posição em relação à mudança do Código Florestal, disse que "tem de continuar firme. Tem de manter de toda a maneira as restrições para preservar o meio ambiente". Depois, quanto à votação, mandou uma espécie de recado ao Congresso em relação à disputa de partidos que se formou em torno da questão. "Eu tenho medo que a votação seja utilizada para outros fins que não de dizer se é bom ou mau. Nessa matéria acho que a gente tinha de ter uma posição de convergência nacional. Se é meio ambiente, é uma discussão nacional, não de partido."
FHC lembrou que desde 1972, quando os problemas do meio ambiente começaram a ganhar destaque, com a conferência de Estocolmo, o mundo avançou na compreensão do problema e na aceitação de que ambiente e crescimento não são discordantes. "Já sabemos que é possível ter desenvolvimento e respeito à natureza juntos.
Sabemos o que tem de ser feito e como ser feito. Mas o problema é que isso é urgente. E isso ainda não foi entronizado pela sociedade brasileira nem pelas sociedades de outros países. E ainda não vi muita clareza nessa questão, não há um projeto nacional que entrelace as duas coisas. Não é uma questão se vai ganhar mais ou menos com isso, é um desafio moral, porque o valor que tem nisso é o valor da vida."
O ex-presidente também falou sobre as expectativas para a Rio+20. Segundo ele, o foco deveria ser nos problemas ambientais. "A questão social está ligada à questão ambiental, mas tem de fazer essa ligação. Na África, em Durban (na conferência do clima da ONU no ano passado), os africanos insistiram na pobreza, na questão social, e isso vai aparecer no Rio, mas não podemos perder o foco. Se não cuidarmos do ambiente, quem vai pagar o pato são os mais pobres. A questão central é a do efeito estufa, não temos políticas adequadas até hoje em compatibilizar desenvolvimento e respeito ao ambiente. É uma questão moral, e por isso política."
FHC comentou ainda sobre a proposta de se substituir o PIB por uma outro tipo de medida que leve em conta o capital natural. Disse que de fato é preciso levar em conta o efeito do crescimento sobre a qualidade de vida. "As pessoas comparam que não crescemos como a China. Mas não precisamos crescer como a China. Nos últimos 10 anos, tivemos um crescimento de 4%, não é tão alto, mas houve uma mudança grande nas condições de vida. Só crescemos 10% no regime militar. São Paulo crescia e a pobreza aumentava" E emendou sobre como isso pode ser relacionado com o momento de crise econômica. "Já que temos o desafio de fazer a economia funcionar de novo, que seja de um modo novo, da economia verde."
Nesse sentido, ele lembrou que é preciso também pensar com antecipação sobre a necessidade energética, quando questionado sobre o que achava da construção da usina de Belo Monte. "Há 20 anos, 30 anos, teríamos de ter pensado em uma matriz que não precisasse de tantas hidrelétricas com grande inundação, em aumentar a energia eólica, ou fazer uma poupança de energia. Não fizemos isso. E como precisamos de energia para manter um certo nível de crescimento econômico, não tem outro jeito e lá vai Belo Monte.
Mas o problema é que se não começarmos a pensar já em alternativas a nossa matriz energética, daqui a pouco precisaremos de outra Belo Monte. A tendência no Brasil é de que é melhor usar o potencial hídrico porque ele é grande, é renovável e é energia limpa. É verdade, mas vamos tentar usar melhor. Se fala muito, mas não se faz. As pequenas quedas d'água, em conjunto, podem ser tão eficientes quanto uma grande usina, mas não fazemos isso. Falamos, mas não fazemos."

FONTE:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,fhc-defende-restricao-ao-desmate,852515,0.htm 

domingo, 11 de março de 2012

Um exemplo de cidadania em Curitiba:cidadão acorrenta-se em árvore

Henry Milléo/ Gazeta do Povo /
Foto: site Gazeta do Povo - 06/03/2012

Acompanhamos durante esta semana o protesto solitário do empresário Carlos Eduardo Andersen, que acorrentou-se a uma antiga árvore da espécie paineira, aqui na cidade de Curitiba, tentando impedir o seu corte criminoso e injustificado, pela prefeitura da cidade. Muitos dirão que este é um protesto "inútil", pois ao mesmo tempo que milhões de árvores são mortas na Floresta Amazônica, por exemplo, pra quê tentar salvar um mero exemplar urbano. Acho válido todo tipo de luta pela preservação ambiental e tenho consciência de que a situação da Amazônia é seríssima e precisa ser abraçada por todos nós. Mas digo, também, que este protesto urbano e solitário é extremamente necessário e parabenizo o cidadão por seu exemplo. É necessário porque esta árvore simboliza sim outras milhões de árvores urbanas que estão desaparecendo silenciosamente em todo o Brasil, não só em Curitiba. A impressão que dá é que elas, infelizmente, "saíram de moda", como eu bem ressaltei em outro artigo publicado neste blog. As pessoas não se preocupam em preservar as árvores de suas calçadas e casas. Quando constroem ou reformam uma casa tratam logo de retirar todo o verde existente ali, nesta aparente "moda" vigente, que dita uma arquitetura "limpa" (sic), geralmente utilizada por pessoas que parecem querer ostentar, ao mesmo tempo, baixo nível de cultura e alto nível de renda em suas edificações, com estilos pra lá de discutíveis. As construtoras não deixam exemplares remanescentes ao construir prédios ou condomínios. O máximo que plantam são palmeiras secas importadas, que sombra nenhuma fazem diante deste calor infernal que vivenciamos.

A prefeitura de Curitiba, que se vangloria de administrar uma "capital ecológica", parece ter decretado sentença de morte às árvores que antes faziam desta cidade um local mais agradável e civilizado que outros do Brasil. Silenciosamente (ou não) as motosserras da administração pública colocam abaixo antigas e belas árvores, como a da foto, motivo do protesto do Carlos Eduardo. Árvores que testemunharam o crescimento da cidades, estavam nos locais antes da grande expansão urbana. Os moradores vêm com argumentos injustificáveis, como o da vizinha à arvore motivo de protesto, que afirma que seu portão não fecha direito devido às raízes. Ora, se a cidadã fará uma reforma no portão de qualquer jeito, que adapte-o às raízes da árvore, pois esta estava ali muito antes da moradora construir a casa! Outros reclamam das folhas e flores (que tanto ornamentam as ruas e nos protegem do calor e das chuvas) que caem no chão. Mas reclamar da quantidade de garrafas plásticas, papéis, latas, cigarros, etc. que os humanos jogam no chão, aí ninguém reclama. Isso sim é lixo, que entope bueiros e galerias pluviais, não as folhas, as quais fertilizam a terra, alimentam pássaros, etc. São verdadeiras bênçãos de Deus as folhas e flores das árvores! E os mesmos que reclamam delas são, muitas vezes, os porcos que sujam as ruas com lixo humano, químico e perigoso. Talvez prefiram viver em um deserto cheio de lixo ao invés de um lindo bosque florido.

Estas são as contradições de uma humanidade que cada vez mais se afasta da natureza e nem se dá conta que o desconforto provocado por chuvas mais fortes do que o normal, calor e seca prolongados e outros fenômenos são consequência direta da ampla destruição ambiental que os próprios humanos vêm causando!

Voltando à prefeitura de Curitiba, vê-se uma quantidade imensa de aprovação de obras que destroem as árvores nativas existentes nos terrenos. Até araucárias (árvore símbolo de Curitiba e do Paraná, protegida por Lei) estão sendo cortadas injustificadamente. Laudos claramente contraditórios, que afirmam que as árvores estão "doentes" (quando visivelmente não estão - elas apenas estão no local onde os proprietários querem construir, ocupando todo o terreno) são expedidos pela municipalidade para a instalação de grandes concessionárias de veículos, como foi o caso de uma na rua Mateus Leme (leiam a reportagem completa clicando aqui). E outras grandes lojas de veículos que mantinham araucárias anteriores a elas estão matando-as e depois derrubando criminosamente, como visto em uma unidade na Av. Pres. Kennedy e outra na Mario Tourinho. Quem teve a oportunidade de ver as araucárias vistosas definhando aos poucos em meio aos carros sabe do que eu estou falando. Isso fora diversos prédios em construção que derrubam-as amparados nestes "laudos", sem preservar nada. A lista é imensa e não cabe neste espaço.

A verdade é que estes agentes da destruição em nome do "desenvolvimento" acham que ninguém está vendo. Mas algumas poucas pessoas como eu ou o cidadão da foto acima vêem sim. Percebemos que há algo anormal, que antes não era assim, pois a cidade cuidava melhor de suas árvores. É só observar os edifícios construídos nas décadas de 70, 80, até 90. Preservava-se as árvores de grande porte em jardins ou áreas comuns. Parece que naquela "época áurea" da Curitiba ecológica (quando as inovações que fizeram a cidade ficar famosa mundialmente foram implementadas), havia um cuidado com a preservação do verde. Hoje está vigente um "liberou geral" discreto, mas que aumenta a cada dia. E ninguém fala nada.

As poucas árvores plantadas pela prefeitura nas ruas não possuem a mínima proteção (sem cercas e com tutores muito frágeis) e são frequentemente destruídas por vândalos. Porque isso aumenta também muito na "capital civilizada". Hoje não sobra quase nenhum orelhão, nenhuma árvore recém plantada, sem depredações. Isso sem falar de outros atentados ao patrimônio público e privado. Consequências do grande crescimento das últimas décadas? Pode ser. Mas o que se vê é a falta de educação generalizada dos brasileiros, em conluio com o poder público conivente. Falta de educação ambiental, falta de educação e cidadania em geral. Ao mesmo tempo a propaganda oficial diz que o país está crescendo (até mais que os países desenvolvidos), mas só crescemos quantitativamente. A qualidade de nosso povo, reflexo da falta de educação que o governo deveria ajudar a provê, não cresce nada. Este povo que decepa as árvores em frente a suas casas e depois reclama do calor. Este povo que não usa transporte público ou não sai a pé em pequenas distâncias e depois vêm reclamar do trânsito. Este povo que reclama do rio que transborda e inunda suas casas, mas joga todo tipo de lixo ali. Como mudar essa triste realidade??

Por isso os poucos que protestam e tentam chamar a atenção da população e das autoridades precisam ser valorizados. Como o cidadão citado no início deste artigo. Que tenhamos mais "carlos eduardos" pelas nossas cidades!!