quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Energia Solar Fotovoltaica:um alívio para nossas represas e nosso ar

A geração de energia elétrica a partir do sol (também chamada fotovoltaica) deveria sair da classificação de “energias alternativas” e ser colocada como protagonista em nossa matriz energética, pois já se trata de uma forma de geração consolidada em diversas partes do mundo e, no caso brasileiro, é o tipo de energia mais abundante e constante em nosso país. Só para termos um fator simples de comparação, a Alemanha, país 23 vezes menor que o Brasil em área, investe pesadamente na energia solar, já gerando quase 20% de sua demanda. No entanto, os locais com pior incidência de raios solares aqui no Brasil (região de Joinville, por exemplo) ainda são infinitamente melhores do que os locais com maior nível de insolação no país europeu . Por aí imaginamos o potencial inexplorado que temos aqui no Brasil.

Além da economia financeira, sobre a qual falaremos a seguir, utilizar energia é uma decisão em prol da preservação ambiental, pois reduz nossa dependência de outras fontes mais agressivas ao meio-ambiente. Senão vejamos, uma usina hidrelétrica necessita, muitas vezes, de milhares de quilômetros quadrados de áreas inundadas, as quais implicam supressão de florestas, demolição de cidades e até diminuição de áreas agrícolas. Tais obras demandam, também, investimentos gigantescos por parte do poder público. Sem contar que, nestes tempos de seca em boa parte do país, devido justamente às mudanças climáticas em curso, muitas usinas hidrelétricas operam com menos de 20% de sua capacidade, ameaçando até pararem suas atividades. O uso intensivo da água para geração energética também priva a população brasileira do bem mais precioso à sua sobrevivência. Devido justamente a estes fatores, a geração hidráulica já não é mais uma opção sustentável nem mesmo economicamente viável em nosso país.

Com a redução drástica no volume de água em diversas represas, nosso país tem abusado da geração em usinas termoelétricas, tendência contrária à de diversos países, que cada vez mais desligam tais tipos de usina devido ao aumento da emissão de gases de efeito estufa (proveniente da queima dos combustíveis fósseis), justamente os gases que alteram nosso clima.

A energia nuclear não é também uma opção viável, porque o perigoso lixo radioativo até hoje não possui uma solução segura à sua disposição pós-uso.

A energia eólica (gerada a partir dos ventos) é uma opção limpa e sem resíduos, no entanto depende de regiões com ventos constantes, as quais são raras. O Brasil possui áreas no nordeste e também no Rio Grande do Sul, onde este potencial tem sido utilizado, apesar de faltar, muitas vezes linhas de transmissão que o governo federal não terminou, para conectar as centrais eólicas com a rede.

A geração energética a partir da biomassa é uma excelente fonte de energia, também praticamente inesgotável, pois os resíduos de todos os tipos só aumentam a cada dia. Só é preciso viabilizar custo, pois as usinas de biomassa também demandam grandes investimentos e também a emissão de poluentes precisa ser devidamente controlada, pois há queima de diversos componentes.

Frente aos problemas das outras fontes, a energia solar junta diversas vantagens tanto ao meio-ambiente quanto à economia de uma maneira geral, tais como:
- Os captadores de luz solar (placas fotovoltaicas) podem ser instalados em quaisquer áreas ociosas, tais como topos de edifícios, coberturas de galpões industriais, coberturas de estacionamentos e também telhados residenciais. Até mesmo no chão eles podem ser instaladas, em áreas ociosas como pastos improdutivos;
- Sua geração pode ser distribuída pelas cidades, ficando cada edificação cadastrada como unidade geradora de sua própria energia, jogando-se o excedente na rede elétrica, onde esta energia será redistribuída entre outros imóveis, possibilitando descontos na conta de quem abriga os painéis em até 100% de seu valor (em alguns países, como na Alemanha, este crédito volta em forma de pagamento por parte da distribuidora – no Brasil a ANEEL só permite os descontos);
- Um equipamento eletrônico instalado após a entrada de luz do imóvel - chamado inversor - faz automaticamente toda a comunicação das placas solares com a rede elétrica, analisando quanto foi consumido de energia solar e quanto de energia da rede distribuída precisou ser “puxada” ou deixou de ser consumida (gerando créditos), tudo isso sem interferência do proprietário, sem precisar “ligar e desligar”, etc. E toda esta atividade ainda pode ser monitorada via internet de qualquer computador ou dispositivo móvel, através de uma controladora (opcional) acoplada ao sistema de geração, que manda os dados para a rede;
- O sistema de geração solar necessita de muito pouca intervenção física nos imóveis existentes, por utilizar-se das instalações elétricas disponíveis e pesar muito pouco sobre a cobertura, podendo adaptar-se a qualquer tipo de telhado, laje, etc.;
- Trata-se de um sistema já homologado, no Brasil, pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, segundo a resolução 482/2012, a qual regulamenta a microgeração e a minigeração de energia elétrica distribuída, permitindo descontos em conta de luz. Algumas empresas já trabalham dentro desta resolução, fornecendo equipamentos e serviços necessários à instalação do sistema.
Importante ressaltar que a microgeração vai até 100 kWh/mês. Acima deste valor e abaixo de 1 Megawatt trata-se de minigeração. Acima de 1 Megawatt a legislação trata como usina geradora, a qual pode ser pleiteada em leilões específicos. A maior parte das residências e empresas situa-se na faixa da microgeração, permitindo que cada pessoa ou empresa gere sua própria energia e redistribua os excedentes na rede elétrica.


Apesar desta excelente iniciativa em regulamentar a geração particular de energia, até por aliviar todo o sistema com um todo, o governo brasileiro ainda incentiva muito pouco a iniciativa. O Brasil ainda é pobre em linhas de financiamento para compra dos equipamentos e até mesmo em desoneração fiscal para os mesmos. Diversos países desenvolvidos já incentivam este tipo de geração energética há décadas, vendo a população como um parceiro estratégico da política energética. Aqui no Brasil, mesmo frente à falta d´água crônica, ao aumento da poluição, dentre outros fatores que ameaçam as formas tradicionais de geração energética, ainda não se vê uma política séria de incentivo à diversificação de nossa matriz (mesmo tendo o sol como grande “aliado” nesta luta). Ao invés disso, pune-se o consumidor com sucessivos aumentos nas tarifas de energia. Estes aumentos são um incentivo, de certa forma negativo, para mais pessoas aderirem à microgeração. Mas deveriam haver linhas de crédito públicas, incentivo a mais fábricas de painéis, inversores e componentes instalarem-se no Brasil, dentre outros facilitadores. Fica a sugestão.

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