domingo, 18 de outubro de 2009

Metas ambientais afrouxadas

São muito tristes os tempos que estamos vivendo no Brasil em termos de meio-ambiente. A cada semana nossa natureza dá mais sinais de que sua degradação já está além dos limites. Ao mesmo tempo, a cada semana, o (des)governo federal dá mais sinais de estar contra a preservação ambiental. Parece até piada, mas quando mais se precisa de preservação, mais os mandatários da nação lutam para permiti-la.

Vimos nas últimas duas semanas que, apesar das auditorias do Tribunal de Contas da União constatar irregularidades no famigerado 'pac' (plano de aceleração do crescimento), tanto na parte de aplicações de verbas quanto no cumprimento de metas ambientais; o que elles querem na verdade é afrouxar tanto a responsabilidade fiscal quanto a ambiental nas obras do governo federal. Ou seja, o que querem nada mais é que um "liberou geral". E isso sendo solicitado pela candidata oficial a presidente, cujo nome me recuso a mencionar, pois todos já sabem.

Junto com isso, o presiMENTE da república caçoa dos ambientalistas, como se estes fossem responsáveis pela fome "neççe paíz". São afirmativas de grande irresponsabilidade por parte da autoridade maior da nação. Talvez até elle saiba - acho que ele não é tão burro assim - mas recusa-se a admitir que, sem a preservação ambiental, aí que não produziremos mais alimentos para ninguém, nem mesmo teremos água. Por falar em água, já muito se falou que o Rio São Francisco não agüentará tamanha transposição que se faz sem uma recuperação de suas matas ciliares. Estudos comprovam que sua água em breve talvez nem ao mar chegue. Mesmo assim prosseguem-se as obras.

Da mesma forma tenta-se afrouxar as leis para construírem as faraônicas hidrelétricas em plena Amazônia. Apesar de afirmarem que as áreas inundadas serão bem menores do que em antigas usinas, o ciclo hidrológico irá se alterar, as populações tradicionais e indígenas serão sim afetadas em sua cultura e sua alimentação, assim como a imigração em massa que tais obras levam gerarão (mais) desmatamento a regiões ainda preservadas. Isso sem contar a pobreza levada para lá, que também degrada a floresta. Tudo isso em nome de uma energia que poderia ser economizada por diversos meios (como comprovou o "apagão" de 2000) e até gerada de outras maneiras mais sustentáveis (alternativas não faltam, basta investir nelas), formando-se uma múltipla matriz energética. Mas não, o Brasil prefere investir nestas hidrelétricas insustentáveis ou em termoelétricas ultra-poluentes, das quais o mundo quer se livrar! Tudo na contra-mão, como já mencionado aqui diversas vezes. A quem interessa tais obras? Fica a pergunta no ar.

Na questão dos combustíveis, já mencionamos aqui a desvalorização do etanol, agora com a farsa eleitoral do pré-sal (tudo em nome da suposta candidata oficial). O Brasil dava exemplo em termos de combustíveis renováveis e agora luta para virar um sultanato árabe produtor de petróleo?

Enquanto isso os ruralistas lutam por um código florestal mais "brando", alegando que não conseguirão aumentar a produção, sendo que o Brasil pode sim aumentar imensamente sua produção de alimentos apenas utilizando-se áreas degradadas, sem desmatar mais nada. Perde-se biodiversidade, e com isso importantes descobertas de medicamentos valiosíssimos, em nome da exportação de produtos primários, como a soja, que em muito pouco contribuem para nosso desenvolvimento. O Brasil poderia ser líder mundial em biotecnologia apenas mantendo a Amazônia e o Cerrado em pé, biomas que são fonte de imensa biodiversidade!

Em relação às metas mundais de redução de carbono, agora a casa civil não quer que sejam reduzidas, temendo-se que o crescimento da economia seja afetado. Será que ninguém falou em crescimento sustentado para elles? Além disso, uma nova economia, baseada na preservação e tendo ela incorporada, trará muito mais oportunidades ao país! Volto a dizer, não é porque certos países recusam-se a assumir metas de redução que nós não podemos reduzir as nossas emissões. O Brasil deveria estar na vanguarda e dar o exemplo, pois o mundo já não é mais o mesmo que há 40-50 anos atrás, quando fumaça era sinal de 'desenvolvimento'.

Estamos sendo enganados por este (des)governo. Elles estão vendendo um Brasil grande e atrasado, aos moldes do que os militares pós 64 queriam nos impor. E viu-se a tragédia ambiental e econômica que o modelo desenvolvimentista nos trouxe. Tal modelo enriquece a poucos (em geral empreiteiras, fazendeiros e políticos) e alimenta o sistema mais atrasado que existe no Brasil, esse coronelismo proveniente ainda da época colonial, o qual pilha e esgota toda a natureza de uma determinada região e depois parte para mais pilhagens.

A diferença é que hoje não temos mais tantos recursos naturais assim. O mundo vive uma grande emergência. Quando todos deveriam se esforçar para preservar, os arrogantes daqui se vêem no direito de acabar com o pouco que resta...

Lamentável ao extremo!

P.S.: todos sabem que este blog é declaradamente de oposição a este governo atual. Mas é uma oposição justificada. Não venham acusar-me de golpista, pois golpista pra mim é um governo que tenta mascarar os fatos para a população (inclusive os ambientais) e protege até atos de censura, como o que ocorreu ao jornal O Estado de São Paulo. Reitero que, se houverem ações em prol do meio-ambiente bem sucedidas, serão destacadas aqui, mesmo sendo de autoria deste governo, cujo mandatário me recuso a dizer o nome. Não sou ligado a nenhum partido, baseio-me na liberdade de expressão para expressar minha indignação com os fatos.


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Um forte abraço a todos e muito obrigado!!

Gabriel Bertran

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